Investigação mostra que o Google faz um monte de ajustes, muitos manuais, em sua busca

O Google diz que o seu sistema de busca é todo regido por um "algoritmo". Uma nova reportagem fala como a empresa interfere em certos resultados.
Dedos sobre o logotipo do Google em um computador
Getty Images
O algoritmo de busca do Google é algo poderoso — pequenas mudanças podem influenciar empresas, influenciar suas decisões de compra e moldar as informações que vemos. O Google diz que não , mas uma descobriu que a empresa interfere nos resultados de pesquisa mais do que gostaria de admitir.

Importante ressaltar que a reportagem do WSJ é tão detalhada quanto extensa. Ela abrange mais de 100 entrevistas, além de um teste independente do algoritmo do Google, em comparação com os rivais Bing e DuckDuckGo (você pode ler a metodologia do ).

A essência geral é que, nos últimos anos, o Google mudou de uma cultura “sem mãos humanas”, a melhor que o algoritmo sabe, para uma que assume um papel mais ativo na decisão de como as informações aparecem para os usuários. No geral, a reportagem constatou que o Google fez 3.200 alterações em seus algoritmos em 2018; à titulo de comparação, a empresa fez 2.400 alterações em 2017 e 500 em 2010, segundo a apuração do jornal norte-americano.

Entre as descobertas mais surpreendentes, está o fato de o Google mudar seu algoritmo para favorecer empresas maiores como Amazon e Facebook em vez de vendedores independentes menores. Em sua reportagem, o WSJ constatou que, em pelo menos um caso, também houve alterações referentes ao eBay, depois que um terço de seu tráfego despencou em 2014.

O Wall Street Journal também descobriu que o Google mantém blacklists para remover ou prevenir que certos sites sejam mostrados em resultados de busca, apesar de a empresa publicamente negar a existência de tais listas. Notavelmente, estas listas são separadas das exigidas por lei, como listas de abuso infantil ou violação de direitos autorais. Nessa linha, o Google também teria seus engenheiros criando algoritmos e listas para filtrar resultados “controversos” para tópicos como imigração ou aborto.

Além disso, a reportagem descobriu que o Google ajusta regularmente o que você vê em recursos como sugestões de preenchimento automático, “painéis de conhecimento” (aquelas caixas que ficam no lado direito de uma página de pesquisa), snippets em destaque e resultados de notícias. Dado que esses destaques selecionados não são considerados pesquisas orgânicas, segundo o relatório, eles não são mantidos no mesmo padrão e, portanto, são mais fáceis de editar pelo Google.

E, claro, o Google está pagando milhares de prestadores de serviço — não muito bem, como você pode imaginar — para avaliar a qualidade das classificações de algoritmos. Estes funcionários terceirizados são basicamente informados sobre o que o Google considera classificações de resultados “corretas” e instruídos a ajustar suas classificações de acordo. Um terceirizado entrevistado disse que o Google pagou US$ 13,50 por hora por cerca de 20 horas semanais e foi instruído a classificar itens relacionados à linha de prevenção nacional de suicídio dos EUA (uma espécie de CVV) como resultado número um em todas as buscas relacionadas ao tema. Tudo isso é muito para analisar — cada decisão tomada tem um monte de implicações! No entanto, a controvérsia se resume ao fato de o Google se defender regularmente contra os reguladores, dizendo que “humanos não se intrometem em seu algoritmo sagrado”. Ao mesmo tempo, a empresa está sob crescente pressão para fazer algo sobre a disseminação de notícias falsas nos resultados de pesquisa.

Em um exemplo citado, as pesquisas do Google em 2017 por centros de dependência química frequentemente apareciam instalações com registros duvidosos. Após o lobby, os líderes do setor observaram que as pesquisas por “reabilitação” foram alteradas para mostrar o site da SAMHSA (Substance Abuse and Mental Health Services Administration) — uma linha direta administrada pelo Departamento de Saude e Serviços Humanos dos EUA. Pode-se argumentar que, enquanto a intromissão nos resultados de pesquisa do Google pode ser extremamente perigosa — pense em ceder às pressões empresariais ou políticas para alterar os resultados que você obtém e, portanto, como você se informa sobre o mundo — há alguns casos em que é compreensível, como quando você mostre menos resultados pornográficos ou . Parte do problema é a forma com o Google fala sob em quais circunstâncias interferirá nos resultados de pesquisa — geralmente, sob o raciocínio de que quanto mais transparente for o processo, mais seguro será o algoritmo de maus autores que tentariam “enganar o sistema”.

O que o Google diz

Por parte do Google, a empresa diz que leva a sério as conclusões da reportagem do Wall Street Journal. Sobre as “listas negras”, a empresa disse ao Gizmodo que sua negação pública se refere a uma pergunta específica sobre o assunto por razões políticas. Quanto a favorecer as grandes empresas em detrimento das pequenas, diz que os algoritmos de busca são projetados para aumentar os resultados “oficiais” e relevantes. A empresa também afirma que os terceirizados recebem diretrizes específicas, disponíveis ao público, para garantir dados consistentes.

“Temos sido muito transparentes em relação aos tópicos abordados neste artigo, como nossas , nossas políticas para em pesquisas, como preenchimento automático e remoções legais válidas, nosso trabalho para combater as informações erradas por meio do e o fato de que as alterações que fazemos na pesquisa visam beneficiar os usuários, não as relações comerciais”, disse um porta-voz do Google ao Gizmodo por e-mail. “Este artigo contém vários episódios antigos e incompletos, muitos dos quais não apenas antecederam nossos processos e políticas atuais, mas também fornecem uma impressão muito imprecisa de como abordamos a criação e o aprimoramento da pesquisa. Adotamos uma abordagem responsável e baseada em princípios para fazer alterações, incluindo um de avaliação antes de iniciar qualquer alteração — algo que começamos a implementar a mais de uma década. Ouvir os comentários do público é uma parte crítica para melhorar a pesquisa e continuamos a receber comentários”.

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