Ciência

Cientistas acreditam que explosão de vulcão aumentou buraco na camada de ozônio

Buraco na camada de ozônio é o décimo maior em 43 anos; pesquisadores creditam destruição ao vapor d'água liberado pela erupção do Hunga Tonga

Em janeiro de 2022, o vulcão submarino Hunga Tonga entrou em erupção em meio ao Oceano Pacífico Sul. De acordo com um estudo publicado na revista , esta foi a maior explosão natural que aconteceu na Terra em mais de um século.

O vulcão expeliu dez quilômetros cúbicos de rocha, cinzas e sedimentos. Sua pluma subiu até 58 quilômetros de altura – tão alto que até astronautas em órbita a bordo da Estação Espacial Internacional conseguiram enxergar.

A erupção também desencadeou um megatsunami com ondas de até 45 metros de altura e provocou a mais intensa já vista. Foram cerca de 200 mil raios iluminando a fumaça da explosão por aproximadamente 11 horas. 

Na época, especialistas já previam que a erupção do Hunga Tonga impactaria o clima na Terra nos anos seguintes. Aparentemente eles estavam certos. 

Agora, pesquisadores sugerem que a explosão pode ser o motivo pelo aumento do buraco na camada de ozônio em cima da Antártica, que se abriu excepcionalmente cedo neste ano.

O buraco na camada de ozônio

Novos dados divulgados pelo mostram que a extensão do buraco na camada de ozônio em agosto de 2023 é o décimo maior registrado desde o início das medições científicas, 43 anos atrás.

Atualmente, o buraco tem mais de 16 milhões de quilômetros quadrados.

Animação que mostra o início precoce do buraco na camada de ozônio na Antártica em julho de 2023 e seu rápido progresso ao longo de agosto. (Imagem: Copernicus)
 

As concentrações de ozônio acima da Antártica já estavam extremamente baixas no início de julho e, segundo especialistas, continuará a crescer até o final de setembro. Isso porque a Antártica começa a se aquecer durante o período da primavera. 

Dessa forma, o buraco levará pelo menos até o final de novembro para se fechar, mas pode sobreviver por muito mais tempo.

Por que isso pode ter acontecido

Estima-se que a injetou 50 milhões de toneladas de vapor d’água na atmosfera da Terra. Na estratosfera, que é a parte da atmosfera onde está a camada de ozônio, as concentrações de vapor d’água aumentaram em 10%.

Isso resulta em um resfriamento significativo da estratosfera, o que leva à formação de nuvens polares. Elas, por sua vez, proporcionam o ambiente químico adequado para substâncias que destroem o ozônio, como os clorofluorocarbonetos e os hidrofluorocarbonetos.

Os CFCs foram proibidos pelo Protocolo de Montreal de 1987 e HFCs estão sendo restringidos pela Emenda de Kigali. No entanto, sua decomposição natural leva décadas e suas concentrações na atmosfera ainda são altas.

Agora, pesquisadores pretendem ter mais informações com as medições da camada de ozônio nos próximos meses. Em geral, as consequências da erupção de Hunga Tonga são um território completamente novo para os cientistas.

Mudanças climáticas potencializam a destruição da camada de ozônio

Outros fatores estão em jogo quando se trata da diminuição incomum da camada de ozônio. Pesquisadores acreditam que as mudanças climáticas em curso podem estar contribuindo com o fenômeno. 

Isso porque, ainda que as temperaturas na superfície da Terra estejam aumentando, na estratosfera elas estão diminuindo. E isso significa mais destruição de ozônio.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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