Bill Gates diz que vacina de COVID-19 não deveria ficar com quem pagar mais

Gates pediu aos líderes que garantam que os medicamentos e vacinas de COVID-19 para as pessoas e os países que mais precisam deles, e não apenas para quem der mais dinheiro.
Cofundador da Microsoft Bill Gates. Crédito: Jack Taylor/Getty Images
Cofundador da Microsoft Bill Gates. Crédito: Jack Taylor/Getty Images
O cofundador da Microsoft, Bill Gates, disse algo certo e bom no último sábado (5). Gates pediu aos líderes que garantam que os medicamentos e vacinas de COVID-19 para as pessoas e os países que mais precisam deles, e não apenas para quem der mais dinheiro.

Falando em uma sobre COVID-19 organizada pela International AIDS Society, Gates destacou uma crescente preocupação entre governos internacionais e as autoridades de saúde pública: uma vez que existam medicamentos e vacinas, quem os receberá primeiro? Segundo ele, é importante considerar não apenas quem pode pagar por esses tratamentos, mas também para quem e onde eles são mais necessários.

“Se deixarmos que os remédios e as vacinas cheguem aos que oferecem mais, e não às pessoas e lugares onde são mais necessários, teremos uma pandemia mais longa, mais injusta e mais mortal”, disse Gates. “Precisamos que os líderes tomem essas decisões difíceis sobre a distribuição com base no patrimônio, e não apenas em fatores orientados pelo mercado”. Não há dúvida de que os comentários de Gates são a coisa boa e certa a dizer e se fazer. No entanto, também deve ser observado que é irônico que ele esteja falando sobre esse assunto, considerando a história da Microsoft de usar seu poder de . No entanto, aparentemente, usar poder e dinheiro para avançar é uma coisa muito ruim. Tirando a hipocrisia de Gates em momentos distintos, garantir que os países e as pessoas mais necessitadas tenham acesso a futuras vacinas e medicamentos parece ser a coisa decente a se fazer diante de uma emergência de saúde pública global, mas infelizmente não está claro que isso acontecerá quando os cientistas desenvolverem tratamentos efetivos.

No final de junho, por exemplo, — um dos poucos medicamentos conhecidos por serem eficazes no tratamento de COVID-19 — pelos próximos três meses. Deixando pouco para o resto do mundo. “O presidente Trump fez um acordo incrível para garantir que os americanos tenham acesso à primeira medicação autorizada para COVID-19”, disse o secretário de Saúde e Serviços Humanos, . “Na medida do possível, queremos garantir que qualquer paciente americano que precise de remdesivir possa obtê-lo. O governo Trump está fazendo tudo o que está ao nosso alcance para aprender mais sobre o medicamento que salva vidas para COVID-19 e garantir o acesso a essas opções ao povo americano”. Dada a aparente falta de interesse dos EUA em distribuir uma futura vacina contra o coronavírus de maneira equitativa, muitos líderes globais temem que o presidente . Tal luta deixaria para trás os países mais pobres. A China, que possui um número significativo de potenciais vacinas contra COVID-19 em desenvolvimento, também é uma preocupação para o governo americano.

Embora o presidente chinês Xi Jinping tenha dito que as vacinas desenvolvidas na China seriam um “bem público global”, um informe oficial do governo de junho afirmou que a vacina seria um produto público global “uma vez que seja desenvolvida e aplicada na China”, segundo o . A OMS (Organização Mundial da Saúde) está trabalhando em uma proposta para uma Estrutura de Alocação Global para produtos COVID-19. Um afirmava que, dada a natureza onipresente de COVID-19, todos os países deveriam receber uma alocação inicial à medida que os produtos se tornassem disponíveis. “Eventualmente, a priorização da geografia e do tempo seria baseada em uma avaliação de risco da vulnerabilidade dos países e da ameaça de COVID-19”, diz o documento. Neste contexto, a OMS falava sobre “vulnerabilidade” querendo se referir aos sistemas de saúde e fatores populacionais dos países. “Ameaça” tem relação ao potencial impacto da pandemia nos países. Resumindo: este é um debate fácil. Sob nenhuma circunstância as pessoas e os países desfavorecidos economicamente devem ter acesso nulo a vacinas e tratamentos contra COVID-19 ou ter que ir para o final da fila, apenas porque os países mais ricos têm a capacidade de pagar por ela. Isso seria imoral.

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