BEON.tech facilita acesso de desenvolvedores brasileiros a empresas nos EUA
O setor de tecnologia é conhecido por ter alguns dos maiores salários entre todas as profissões. Isso tem encorajado cada vez mais jovens a buscarem formações na área. Ainda assim, a área vem sofrendo com falta de mão de obra especializada não só no Brasil, mas também em outras partes do mundo.
Com tendências tecnológicas em constante transformação, os cursos acadêmicos mais tradicionais não têm capacidade para cobrir todas as mudanças ou tendências que surgem anualmente no segmento. Por este motivo, boa parte dos profissionais de desenvolvimento continuam sua formação em cursos livres específicos para seguir tendo relevância neste mercado em contínua evolução.
Uma das mais recentes tendências do mercado de tecnologia é a inteligência artificial. Nos últimos três anos, se desenvolveu de tal maneira que saiu dos bastidores das grandes empresas de tecnologia para a palma da mão das pessoas.
Agora, muitas ferramentas alimentadas por IA generativa estão presentes nativamente em smartphones de marcas populares. Algo impossível de se imaginar há cinco anos atrás.
A crescente demanda pela tecnologia no dia a dia das pessoas aumenta a necessidade por profissionais qualificados e com conhecimentos mais específicos. Isso não acontece apenas com a inteligência artificial, mas também com todas as outras grandes tendências tecnológicas.
Como esta questão não é exclusiva do Brasil, é comum que alguns desenvolvedores acabem contratados por companhias no exterior para suprir a carência de profissionais na área. A perspectiva de melhores salários tem encorajado muitos profissionais brasileiros a buscar oportunidades de emprego em países estrangeiros.
O trabalho da BEON.tech
Uma das plataformas que conectam desenvolvedores a empresas no exterior é a . A empresa argentina fundada em 2018 tem o objetivo de conectar os melhores profissionais de TI da América Latina a empresas de tecnologia nos Estados Unidos. Segundo a companhia, os salários podem chegar a R$ 500 mil por ano para posições em trabalho remoto.
Em seus primeiros anos, a empresa, por ter sede em Buenos Aires, se concentrava em promover o intercâmbio de profissionais de países falantes do espanhol para os EUA. Porém, nos últimos três anos, começou a se voltar para o mercado brasileiro. Assim, se tornou líder de conexões bem sucedidas entre desenvolvedores e empresas da área de tecnologia.
O co-fundador da BEON.tech, Damian Wasserman, falou exclusivamente com o Giz Brasil sobre a crescente busca de profissionais de TI por vagas no exterior e as áreas que mais carecem de mão de obra qualificada. Segundo Wasserman, as tendências não são as únicas áreas que estão demandando desenvolvedores de alto nível. Funções mais comuns também seguem com alta demanda.
“A demanda em algumas funções comuns, como full stack, front-end e back-end, é sempre muito forte, mas a demanda vem aumentando em tudo relacionado à ciência de dados, inteligência artificial e aprendizado de máquina. Esses campos que mencionei são os que mais demandam profissionais, mas as funções mais comuns também têm muita demanda”.
Como se cadastrar
A plataforma funciona de maneira bem simples. Primeiro, o candidato se registra no site e passa por uma rápida entrevista, de aproximadamente 30 minutos. O principal intuito desta primeira conversa é fazer uma avaliação do nível de proficiência de inglês do candidato. Posteriormente, o novo cadastrado ainda passa por uma entrevista mais técnica, que ajudará a BEON.tech a entender melhor sobre as qualificações do candidato.
A partir daí, o candidato tem acesso às vagas que melhor se adequam ao seu perfil. Ele recebe todo o apoio da plataforma durante o processo seletivo e comunicação com a empresa em questão.
Além de experiência e formação na área, é imprescindível possuir um bom nível de proficiência em inglês para aplicar para vagas através da BEON.tech. O idioma é importante não apenas no processo de recrutamento, mas também no dia a dia da empresa para interação com colegas e clientes, por exemplo.
“É claro que há flexibilidade em torno disso, certo? Dependendo do seu nível de proficiência na língua, você pode ter acesso a trabalhos de qualidade. No nosso caso, trabalhamos com performance superior, isso significa que nós trabalhamos com empresas que estão procurando performance superior, então fluência em inglês é uma necessidade. Nós só trabalhamos com falantes fluentes de inglês”.
Soft skills são fundamentais
Falando mais amplamente do setor, Wasserman reconheceu que, embora a empresa tenha como requisito um alto nível de proficiência, é perfeitamente possível encontrar vagas nos Estados Unidos. Isso inclui requisitos mais flexíveis, como inglês intermediário, por exemplo. No entanto, para quem deseja trabalhar fora do país é importante tratar o inglês com o mesmo nível de seriedade que o estudo de linguagens de programação e novas tendências tecnológicas.
Questionado sobre o motivo de os brasileiros terem tomado a dianteira das contratações tão rapidamente na plataforma, o cofundador da companhia, afirmou normalmente, as pessoas que nascem no Brasil, são gentis por natureza e, isso contribui para gerar uma boa primeira impressão, além de servir também para criar relacionamento sólidos durante o dia a dia de trabalho.
Para além, dos conhecimentos de idiomas e linguagens de programação, o domínio de soft skills, assim como em outras áreas, é fundamental. A proximidade cultural é algo que facilita o relacionamento e a ambientação de profissionais latinoamericanos nos Estados Unidos e, para Wasserman, é uma vantagem competitiva em relação a profissionais de outras regiões do planeta.
“Isso é uma vantagem competitiva contra a Europa, por exemplo. A forma como valorizamos o trabalho, como nos comunicamos quando trabalhamos, sendo receptivos ao receber feedback. Isso é algo muito importante. Ser flexível e adaptável, aprender novas tecnologias e se ajustar a mudanças são habilidades que são parte da cultura de trabalho dos EUA. Ser sempre muito amigável, o que é algo que os brasileiros são desde o início”.
Vale a pena?
Mesmo com muitos brasileiros buscando trabalhar no exterior, ainda existem profissionais de TI que por conta de barreiras culturais ou linguísticas preferem atuar no mercado brasileiro, onde, sim, é possível crescer profissionalmente e atingir bons salários no setor, mas que ainda ficam abaixo dos ganhos de quem atua fora do país.
Wasserman encoraja este tipo de profissional a olhar além do mercado local, que pode oferecer altos níveis de satisfação profissional, mas tem um teto. Baseando-se no feedback de pessoas beneficiadas pela plataforma, ele afirmou que vale a pena aplicar para uma vaga no exterior e viver novas experiências na vida corporativa que podem agregar e muito para o desenvolvimento pessoal.
“Olhe para o mercado dos EUA. Não fique apenas focado no mercado local, porque há grandes oportunidades lá fora. Os engenheiros que nós temos na BEON, eles deram o salto de fé e nós vemos que eles estão extremamente felizes, eles estão crescendo muito rápido. É por isso que eles decidiram fazer um movimento. Olhem para o mercado dos EUA. Há muitas empresas como a BEON que são a ponte para obter acesso a essas oportunidades. Então não tenha medo de fazer isso, é um ótimo movimento que você pode fazer”