Com certeza você já ouviu alguém dizer que beber uma taça de vinho após o jantar, ou tomar uma cervejinha moderadamente, traz benefícios à saúde similares à abstinência de álcool. Essa tese, aliás, é embasada por diversas pesquisas científicas. Mas é por isso que devemos ficar atentos ao viés.
Mas agora, uma nova análise científica, na quarta-feira (24), desafia essa tese de que beber moderadamente é bom para a saúde. Veja abaixo.
Cientistas canadenses analisaram 107 estudos que abordam a relação entre o consumo moderado de álcool e a longevidade. Eles descobriram que a maioria desses estudos comparava quem bebia com quem não bebia álcool, mas sem considerar os motivos pela abstinência.
Alguns abstêmios dos estudos são pessoas que largaram – ou reduziram o consumo – a bebida por motivos de saúde.
A análise aponta, portanto, uma falha na metodologia científica dos estudos que enviesou os resultados. A conclusão desses estudos, que aponta que quem bebe moderadamente é mais saudável, não é verdadeira.
Cuidado com o viés
De acordo com os cientistas, quando se considera o viés nas pesquisas, os benefícios aparentes do consumo moderado “somem”.
Além disso, estudos com mais dados qualitativos – que incluem participantes mais jovens e classifica a abstinência entre quem nunca bebeu e quem reduziu ou parou de beber – não apresentam evidências que beber moderadamente traz benefícios à saúde.
Portanto, a análise científica contradiz estudos anteriores que sugeriam um efeito “curva J”, ou seja, beber moderadamente resulta em uma menor taxa de mortalidade.
Tim Stockwell, co-autor da análise, afirmou que as estimativas de benefícios à saúde através do consumo de álcool “foram exageradas, enquanto os riscos foram subestimados na maioria dos estudos anteriores”.
Embora os riscos de beber moderadamente sejam pequenos, os estudos não deveriam propagar benefícios inexistentes, segundo Stockwell.
A análise científica encontrou apenas seis entre os 107 estudos feitos adequadamente para evitar o viés de pesquisa.