Bar onde Jeffrey Dahmer buscava vítimas atrai turistas e dono reclama

Atualmente é o Wall Street Stock Bar, mas décadas atrás era o Club 219, famoso por ser frequentado pelo próprio Jeffrey Dahmer enquanto procurava vítimas
Bar onde Jeffrey Dahmer buscava vítimas atrai turistas e dono reclama
Imagem: Divulgação/Netflix

A vida e crueldade do serial killer Jeffrey Dahmer voltou aos holofotes após a estreia da Netflix, “Dahmer: Um Canibal Americano”. Criada por Ryan Murphy e protagonizada por Evan Peters, a produção mostra como o criminoso cometeu 17 assassinatos — que envolviam quase sempre estupro, necrofilia e canibalismo — entre 1978 e 1991.

Conforme mostrado na minissérie da Netflix, Dahmer encontrava suas vítimas em um bar gay chamado Club 219, localizado bem perto de seu apartamento, em Milwaukee, no estado americano de Wisconsin. No local, ele atraía os jovens com promessas de pagá-los em troca de tirar algumas fotos. Depois disso, Jeffrey preparava bebidas com drogas para as vítimas, e na sequência as matava.

E para quem não sabe, o Club 219 era um bar real em Milwaukee. De acordo com um extenso relatório do Wisconsin LGBT History Project, o estabelecimento realmente abriu em janeiro de 1981, se consolidando como um popular clube gay — até ser ofuscado por outro bar local, o La Cage Aux Folles, em 1984. O local ficou conhecido como o segundo melhor bar gay, depois do La Cage, mas ainda era animado e amado pelos clientes. O Club 219 já foi considerado o melhor bar para se estar na véspera de Ano Novo. Era popular por suas performances de shows de drags, strippers e dançarinos masculinos. No entanto, a popularidade do bar começou a diminuir quando mais bares e novos negócios começaram a abrir na área, o que limitou o estacionamento. Além disso, não ajudou o Club 219 quando foi revelado ao público que Dahmer frequentemente visitava o bar para procurar suas vítimas.

Uma pesquisa no Google Maps, do endereço onde o apartamento de Dahmer estava localizado até o estabelecimento, revela que era apenas cerca de oito minutos de carro. Como resultado, menos pessoas começaram a visitar o bar, o que o levou a ser fechado. O Club 219 fechou definitivamente em 2005. Atualmente, o local se tornou o Wall Street Stock Bar, e com o sucesso da produção da Netflix, atraiu verdadeiros turistas do crime, alguns até pedindo uma “bebida Dahmer”, que não é algo que você encontrará lá.

“Eu sabia que este era um lugar onde Jeffrey havia encontrado algumas de suas vítimas”, disse Charese Gardner, proprietária do Wall Street Stock Bar, para a . Ela tenta manter esse nome fora de seu bar, destacando pessoas icônicas do mercado de ações, não o cliente mais infame do prédio.

“Nós não estamos bebendo”, disse Gardner. “Nós não estamos fazendo um mural”, afirmou. A proprietária explica que desde que a produção sobre serial killer Jeffrey Dahmer foi lançada em setembro na Netflix, muito mais pessoas estão tentando vislumbrar o caminho que o criminoso fez na época. “Eu tenho marcas de rosto em meus espelhos do lado de fora porque as pessoas estão tentando olhar para dentro”, disse Gardner. “Eu realmente não entendo a obsessão de andar em um lugar em que ele andou”. A curiosidade sombria levou o público para onde o Club 219 costumava ser localizado, um local que Dahmer foi para encontrar possíveis vítimas. A proprietária do estabelecimento afirma que a tal curiosidade tem um custo, e explicou que diversos comentários falsos estão surgindo online. “Então eles têm ‘Jeffrey Dahmer aprovado'”, disse Gardner. “‘Ótimo lugar para conhecer novos amigos.’ Essa pessoa nunca visitou aqui. Revisão de uma estrela. Foto de Jeffrey Dahmer aqui.” “É sem sentido”, continuou Gardner. “Obviamente, essas pessoas também não se importam com os membros da família. Para mim, é tipo, de que lado você está? Você está realmente do lado do assassino? Porque você está promovendo o assassino, ou é apenas como piadas doentias?”, questiona a dona do estabelecimento, lembrando que tudo aconteceu perto de sua casa. “Tenho uma senhora que cozinha para mim que uma das vítimas era amiga dela”, disse Gardner. Além disso, ela conta que outra pessoa com quem trabalha foi solicitada pelo próprio Dahmer. “Muitas dessas pessoas ainda estão vivas”, explica. Charese Gardner disse que não vai deixar que o seu bar seja conhecido apenas pelo local onde o criminoso atraía as vítimas. “Este é o meu estabelecimento”, disse Gardner. “Esta é a minha carreira. É meio traumatizante ver como as pessoas elogiam um serial killer.” A dona diz que provavelmente vai deixar o “219” na janela do bar menos proeminente. Além disso, ela diz que está tentando remover essas avaliações falsas do Google e espera que tudo isso acabe. Gardner acrescentou que não viu a produção da Netflix e não planeja ver.

“Dahmer: Um Canibal Americano”

Dividida em dez episódios, a produção da Netflix “Dahmer: Um Canibal Americano” explora a maneira como o personagem conseguiu escapar das sentenças de prisão da época, das mortes que ele cometia e da atuação falha da polícia de Wisconsin, nos Estados Unidos. Segundo a sinopse oficial, “entre 1978 e 1991, Jeffrey Dahmer tirou a vida de 17 vítimas inocentes de forma brutal. ‘Dahmer: Um Canibal Americano’ é uma série que expõe esses crimes inescrupulosos e como o desprezo por grupos minoritários, o racismo estrutural e as falhas institucionais permitiram que um dos mais infames assassinos em série da história dos Estados Unidos continuasse agindo às claras por mais de uma década”. “Dahmer: Um Canibal Americano” tem feito bastante sucesso com o público. De acordo com , pela segunda semana seguida, a produção ficou no topo da lista de séries em inglês. Com 299,84 milhões de horas de visualização, se tornou a segunda série de língua inglesa mais assistida em uma semana, atrás apenas de “Stranger Things 4”. Apenas 12 dias após a estreia, a série também entrou na lista de mais populares, em nono lugar, com 496,05 milhões de horas de exibição. Com isso, a Netflix concluiu que em menos de duas semanas, 56 milhões de residências já assistiram à minissérie. Relembre o trailer da produção: //www.youtube.com/watch?v=2WtL_C3aHeM&t=34s
Rayane Moura

Rayane Moura

Rayane Moura, 26 anos, jornalista que escreve sobre cultura e temas relacionados. Fã da Marvel, já passou pela KondZilla, além de ter textos publicados em vários veículos, como Folha de São Paulo, UOL, Revista AzMina, Ponte Jornalismo, entre outros. Gosta também de falar sobre questões sociais, e dar voz para aqueles que não tem

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