Seus olhos podem estar cobertos de bactérias que combatem doenças
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Em um artigo publicado nesta terça-feira (11) no periódico , um time internacional de cientistas detalhou uma bactéria benéfica descoberta vivendo nos olhos de ratos que ajuda a lutar contra espécies que causam conjuntivite. Embora esse estudo tenha sido feito em animais, .
Nós costumávamos considerar a superfície do olho uma terra desolada bacteriana, sendo que todas as outras partes dos nossos corpos que entram em contato com o mundo externo, da nossa pele aos nossos estômagos e às nossas narinas, são lar de uma diversificada flora microbiana. Esses microbiomas são umas das primeiras linhas de defesa contra patógenos em potencial, trabalhando com o sistema imune dos nossos corpos para lutar contra infecções. É um pouco estranho que apenas os olhos não tenham uma comunidade bacteriana. Então, em anos recentes, houve um crescimento de pesquisas visando descobrir o microbioma ocular escondido. Amostras dos olhos, especialmente da conjuntiva — a membrana que cobre a frente dos nossos globos oculares e o interior das nossas pálpebras —, foram testadas como . Mas encontrar DNA não é a mesma que encontrar bactérias residentes.A espécie foi identificada como Corynebacterium mastitidis, uma bactéria conhecida por viver na pele humana. No entanto, a bactéria parecia um pouco estranha, crescendo em fios finos, chamados de filamentos, distintos da sua forma comum de haste. A equipe sugeriu que isso pode ser devido ao estresse, embora eles não tenham executado experiências para determinar isso conclusivamente. É possível que essas bactérias achem o ambiente do olho um pouco hostil, mesmo que possam sobreviver nele.
“Nós sabemos que a C. mastitidis deve ser um ‘residente permanente’, em oposição a um ‘convidado’, porque deve ser instilado no olho, ou adquirido da mãe na infância”, disse Anthony St. Leger, autor principal do estudo e pesquisador de pós-doutorado no National Institutes of Health. “Não se transfere de um rato adulto para outro na mesma gaiola, mesmo depois de semanas de co-habitação.”
Ao remover e estudar a C. mastitidis residente de alguns camundongos, os cientistas demonstraram que sua presença ajudou a prevenir infecções oculares. Lágrimas de ratos com C. mastitidis foram mais letais para as estirpes patogênicas dos fungos Candida albicans e bactérias Pseudomonas do que as lágrimas de ratos que não possuíam bactérias.
Os cientistas acham que a bactéria desempenha um papel benéfico ao ativar caminhos imunológicos que mantêm o olho inundado com agentes antimicrobianos e células imunes que matam os patógenos. A ideia veio de uma estirpe especial de camundongos que não possuem a molécula imune IL-17. Sem isso, as cobaias são propensas a infecções bacterianas oculares desagradáveis, o que conhecemos como conjuntivite. Os cientistas formularam a hipótese de que a IL-17 é uma peça chave na defesa ocular e se perguntaram se as bactérias que vivem no olho podem desencadear a ativação da molécula. Em experimentos de cultura de tecidos, eles mostraram que a C. mastitidis induz produção de IL-17 em células imunes oculares. E quando os ratos que não tinham as bactérias foram inoculados, começaram a produzir mais IL-17 e tornaram-se resistentes às infecções oculares.
Há muito mais para aprender sobre esse relacionamento simbiótico. Não está claro como a C. mastitidis sobrevive às condições inóspitas da conjuntiva. E como ela persiste frente ao ataque desencadeado por IL-17, que mata as espécies patogênicas, é desconhecido. Nem os cientistas sabem ainda como a bactéria vai parar nos olhos.
Mas, armados com o conhecimento de que essas bactérias existem, eles agora podem reexaminar os olhos humanos em busca de espécies similarmente úteis. Compreender a microbiota do olho não só promove a nossa compreensão de nossos corpos, mas pode levar a novas ideias para tratar a conjuntivite. E a equipe espera que eles encontrem muito mais do que apenas Corynebacterium vivendo em nossos globos oculares. “Nós não pensamos que C. mast seja o único comensal. Esta é uma prova de conceito”, disse Caspi. “Não há dúvida em nossas mentes de que outros comensais também serão encontrados na superfície ocular.”
é escritora de ciência, autora de ‘Venomous: How Earth’s Deadliest Creatures Mastered Biochemistry’ e nerd de biologia em geral. Sigam-na no .
Imagem do topo: Pete/Flickr Creative Commons