O cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, uma vez que ocupa cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados do país — quase 24% do território brasileiro.
Com grandes áreas abertas e de vegetação, o bioma sempre exerceu um papel essencial na absorção de água. Dessa forma, suas bacias hidrográficas alimentam importantes rios do Brasil, como Madeira, o Paraná, o Araguaia, o Tocantins, o Xingu e o São Francisco.
No entanto, um novo estudo brasileiro concluiu que o cerrado está perdendo água nas últimas duas décadas – e isso acontece por uma série de fatores. Os resultados foram publicados na revista .
Motivos para a perda de água
Para o estudo, os pesquisadores analisaram dados de satélites sobre o volume de chuvas, a evapotranspiração e as variações na temperatura do solo durante os últimos 20 anos nas regiões próximas às 13 bacias hidrográficas do cerrado.
De modo geral, as chuvas diminuíram em todo o cerrado nos últimos 20 anos. Os 1400 mL de água em 2001, caíram para 1000 mL em 2019.
Ao mesmo tempo, o índice médio de evapotranspiração cresceu de 600 mililitros em 2001 para quase 1000 mililitros em 2019. “Ou seja, cada vez mais está saindo mais água e entrando menos no Cerrado”, comenta Manzione, um dos autores do artigo, ao .
Além disso, os cientistas também analisaram os dados do MapBiomas (Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil) e do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite) para compreender a mudança na vegetação local, afetada pelo desmatamento.
Segundo a análise, o bioma perdeu quase 20% da vegetação original nos últimos 36 anos. Em geral, a área utilizada para agricultura cresceu em 120% entre os anos 2000 e 2019 — um território equivalente a quase toda a extensão do Equador.
Esse aspecto também influencia as bacias hidrográficas, uma vez que a absorção de água pela vegetação em campos abertos alimenta o lençol freático e os rios.
O que deve ser feito
De acordo com a pesquisa, o cerrado também já sofre com os efeitos das mudanças climáticas. Sua temperatura média nos meses de seca subiu entre 2,2°C e 4°C desde 1960.
Para os pesquisadores, a principal maneira de amenizar o problema é recuperando as áreas com vegetação degradada. Dessa forma, é preciso conter o desmatamento, recuperar pastagens e ampliar práticas agrícolas sustentáveis, que mantém o solo com melhor qualidade a longo prazo.