Ciência
Até mesmo a Antártida está enfrentando ondas de calor
Região normalmente associada a condições extremamente frias, a Antártida viu temperaturas surpreendentemente altas com ondas de calor
Imagem: NASA/Wikimedia Commons/Reprodução
Uma equipe de 54 pesquisadores publicou um artigo na revista científica revelando detalhes sobre uma onda de calor recorde que atingiu a Antártida em 2022.
A onda de calor ocorreu entre os dias 15 e 19 de março de 2022. Isso resultou em anomalias de temperatura de 30°a 40°C em toda a camada de gelo na Antártida Oriental.Esta região, normalmente associada a condições extremamente frias, viu temperaturas surpreendentemente altas, com a Estação Concordia registrando uma nova temperatura histórica de -9,4°C, em 18 de março.
O calor foi tanto que a plataforma de gelo Conger, considerada uma das mais estáveis, desmoronou. Com 1.191,3 quilômetros quadrados, esta foi a primeira vez que a desintegração do bloco de gelo foi registrada na história da Antártida Oriental.
O que causou o calor recorde na Antártida
O levantamento aponta que, entre o final de fevereiro e o final de março de 2022, 12 tempestades tropicais se formaram. Dessas, cinco tempestades se transformaram em ciclones tropicais.Aí então, o calor e a umidade de alguns desses ciclones se misturaram. Uma corrente de jato sinuosa captou esse ar e o transportou rapidamente por vastas distâncias pelo planeta até a Antártica.
Assim, abaixo da Austrália, essa corrente de jato também contribuiu para bloquear a passagem de um sistema de alta pressão em direção ao leste. Quando o ar tropical colidiu com essa chamada “alta de bloqueio”, causou uma espécie de “rio atmosférico” mais intenso já observado sobre a Antártica Oriental.
O estudo enfatiza o papel crucial de um rio atmosférico intenso na elevação das temperaturas, transportando calor e umidade subtropical para o interior da Antártida.
O estudo destaca não apenas a magnitude do evento, mas também a necessidade urgente de cooperação internacional para entender e enfrentar os desafios climáticos extremos.
O artigo aponta que é urgente a elaboração de ações colaborativas para entender e mitigar os efeitos das mudanças climáticas mesmo em regiões remotas e desafiadoras.