Ciência

Astrônomos encontram bolha de galáxias da época do Big Bang

Bolha de galáxias, que tem tem 1 bilhão de anos-luz de extensão, pode ter se formado pela propagação de ondas sonoras no plasma
Imagem: NASA/ Unsplash/ Reprodução

Astrônomos descobriram uma estrutura cósmica gigante que pode ter surgido logo após o “Big Bang”. A primeira bolha de galáxias é gigante e foi encontrada por acaso, como parte do trabalho de examinar novos catálogos de galáxias.

A bolha recebeu o nome de Ho’oleilana, que significa “enviou murmúrios de despertar”, uma referência a um canto havaiano. A escolha é uma homenagem ao local de trabalho do principal autor do estudo, Brent Tully, que é um astrônomo da Universidade do Havaí.

Como é a bolha de galáxias

A bolha tem cerca de um bilhão de anos-luz de tamanho, o que faz com que seja mais ou menos 10 mil vezes maior do que a Via Láctea. Segundo os pesquisadores, ela é “tão gigantesca que se estende até as bordas do setor do céu que estávamos analisando”.

Embora não possa ser vista a olho nu, ela está relativamente próxima da nossa galáxia. Uma distância de 820 milhões de anos-luz separa os terráqueos do registro. Os astrônomos chamam essa região de universo próximo.

Fruto de um trabalho conjunto de Tully com o cosmólogo australiano Cullan Howlett, o determinou matematicamente a estrutura esférica que melhor correspondia aos dados fornecidos.

Isso permitiu que os pesquisadores visualizassem a forma tridimensional de Ho’oleilana e a posição dos arquipélagos de galáxias dentro dela.

Em geral, a bolha é “uma esfera com um coração”. Dentro desse coração está o super aglomerado de galáxias Bootes, que está rodeado por um vasto vazio – às vezes chamado de “Grande Vazio”.

A bolha contém vários outros super aglomerados de galáxias já conhecidos pela ciência, incluindo a imensa estrutura conhecida como a Grande Muralha Sloan.

Segundo os pesquisadores, a descoberta da bolha faz parte de um processo científico muito longo. Ela confirma um fenômeno primeiro descrito em 1970 pelo cosmólogo e ganhador do Prêmio Nobel de Física, Jim Peebles.

Ele teorizou que nos primórdios do universo, a interação entre a gravidade e a radiação gerou ondas sonoras. Elas são chamadas de oscilações acústicas de bárions (BAOs). Em geral, à medida que essas ondas se propagavam, elas geravam bolhas no espaço.

Então, depois de aproximadamente 380 mil anos após o “Big Bang”, esse processo parou porque o universo se resfriou. Mas a queda da temperatura congelou a forma das bolhas.

Com a expansão do universo, as bolhas cresceram. Isso também aconteceu com outros fósseis do período logo após o “Big Bang”.

Essa pode ser a primeira a ser encontrada, mas mais bolhas podem ser detectadas em breve em todo o universo com a ajuda de um telescópio europeu lançado em julho deste ano. O Euclid possui um amplo campo de visão do universo.

Além disso, radiotelescópios gigantes estão sendo construídos na África do Sul e na Austrália. Chamados de Square Kilometre Array, eles também podem oferecer uma nova imagem das galáxias a partir da perspectiva do Hemisfério Sul.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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