Ciência

Astrônomos detectam partícula rara caindo na Terra

Amaterasu é um raio cósmico, uma das partículas mais energéticas já detectadas - e, por enquanto, sua origem segue sendo um mistério
Imagem: Osaka Metropolitan University/ Kyoto University/ Ryuunosuke Takeshige/ PA/ Reprodução

Astrônomos detectaram uma partícula rara e extremamente energética caindo na Terra. Amaterasu, como foi nomeada, é um dos raios cósmicos com mais energia que já foram registrados.

“Quando descobri esse raio cósmico ultra-energético, pensei que havia um erro, já que mostrava um nível de energia sem precedentes nas últimas três décadas”, afirma , um dos autores do estudo sobre o fenômeno.

Agora, os astrônomos estão curiosos para entender de onde ela surgiu. Traçando seu caminho até a fonte, eles chegaram a uma área vazia do espaço que fica perto da Via Láctea. Contudo, apenas eventos cósmicos mais poderosos podem produzir partículas tão energéticas. 

Por isso, os cientistas buscam desvendar o mistério. Os registros sobre Amaterasu foram publicados na revista .

Como é Amaterasu

De modo geral, a partícula é um raio cósmico, fenômeno comum que cai constantemente na Terra. Seu nome, Amaterasu, foi dado em homenagem à deusa do sol da mitologia japonesa. 

Geralmente, abaixo de um determinado limite de energia faz um ziguezague no espaço, batendo contra campos eletromagnéticos. Mas o caminho de Amaterasu é diferente.

Segundo dados do Telescópio Array, a partícula possui uma energia superior a 240 exa-elétron volts (EeV). Isso supera em milhões de vezes aquelas que são produzidas no Grande Colisor de Hádrons, o acelerador de partículas mais poderoso já construído.

Dessa forma, acredita-se que Amaterasu atravessa o espaço sem grandes alterações, possibilitando rastrear sua origem. Mas ao traçar sua trajetória de volta, astrônomos encontraram apenas o espaço vazio.

Buraco negro?

De acordo com os pesquisadores, apenas os eventos cósmicos em escalas muito superiores à explosão de uma estrela são capazes de produzir partículas tão energéticas. Isso porque é preciso campos magnéticos muito fortes para confinar a partícula enquanto ela é acelerada.

Mas a trajetória da Amaterasu leva a um lugar em que não há nada com energia alta o suficiente para tê-la produzido. 

“Podem ser defeitos na estrutura do espaço-tempo, cordas cósmicas colidindo. Quero dizer, estou apenas lançando ideias malucas que as pessoas estão imaginando porque não há uma explicação convencional”, diz John Belz, outro autor do artigo.

Até agora, a suspeita mais forte dos astrônomos é de que a origem da partícula seja um buraco negro supermassivo no centro de outra galáxia. Isso porque, próximo nesses lugares do espaço, a matéria é reduzida e, com isso, prótons e elétrons são lançados pelo universo a quase a velocidade da luz.

Agora, o Telescope Array será expandido, ganhando 500 novos detectores de cintilação. Isso vai permitir que capturar informações de uma área ainda mais abrangente, o que pode facilitar a busca dos astrônomos pela origem do raio cósmico – e também para registrar mais desses eventos.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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