Astrônomos descobrem que Vênus foi atingido por asteroide gigante
Astrônomos dos EUA e da Espanha descobriram que o impacto de um asteroide gigante formou uma das “tésseras” de Vênus. As tésseras são grandes regiões de planícies com terrenos deformados, presentes em vários lugares do planeta, cobrindo cerca de 7,3% da superfície de Vênus.
Em latim, “tessella” significa “pequeno cubo”, termo usado para as pequenas peças cúbicas que formam mosaicos em revestimento de pisos. Observadas de cima, essas regiões de Vênus, de fato, apresentam uma aparência similar aos mosaicos.
Essa aparência singular se deve à interação da lava que subiu à superfície e se solidificou, formando um planalto, deformado pelos materiais densos após o intemperismo.
Em um estudo no fim de outubro, os cientistas Ivan López, Evan Bjonnes e Vicki Hansen descobriram que essas regiões de Vênus possuem ligações com impactos de asteroides.
“Quem iria pensar que um terreno baixo e plano, ou um grande planalto, seria o formato de uma cratera de impacto de um asteroide gigante em Vênus?”, brinca Hansen sobre as particularidades da geologia do planeta.
Como astrônomos descobriram o impacto do asteroide em Vênus
Diferentemente de outros planetas do nosso sistema, Vênus tem uma história de vulcanismo global que, há bilhões de anos, erradicou grande parte de sua superfície.
As erupções, portanto, removeram evidências de impactos de asteroides em boa parte de Vênus, mas uma região venusiana chamada ‘Haasttse-baad Tessera’ preserva evidências desse passado.
Para entender melhor a formação da região, os cientistas criaram um modelo através de mapas de radares. As simulações consideraram as diferentes condições de Vênus em um passado distante.
Um fator crucial, por exemplo, é a espessura da crosta de Vênus, ou litosfera. No passado, ela tinha apenas 10 km de espessura, enquanto hoje possui 112 km, de acordo com o estudo.
Com uma fina litosfera, um grande impacto de asteroide poderia adentrar a crosta e o manto de Vênus, permitindo que a lava subisse rumo à superfície e inundasse a cratera.
Além disso, o modelo do estudo mostra que a planície possui coronas concêntricas que são, de certa forma, similares às crateras nas luas de Júpiter.
No caso das crateras, esse acidente geográfico se forma quando um objeto – neste caso, um asteroide – impacta uma superfície com uma crosta muito densa, mas com uma camada inferior mais fina.
Os círculos também sugerem um segundo impacto de asteroide maior em Vênus, com um diâmetro de 70 quilômetros, segundo o modelo dos cientistas, que também mostram dois impactos no mesmo local.
O impacto de um asteroide gigante em Vênus foi, portanto, o responsável pela formação da Haastte-baad Tessela.
Por fim, de acordo com os cientistas, os asteroides atingiram Vênus entre 1,5 e 4 bilhões de anos atrás. “Se essa formação for, de fato, uma cratera de impacto, ela seria, portanto, a maior e mais antiga de Vênus”, conclui Hansen.