A missão Gaia, da ESA (Agência Espacial Europeia), foi lançada em 2013 para identificar e criar um mapa em 3D de cerca de um bilhão de estrelas espalhadas na Via Láctea. Contudo, as observações trouxeram também uma nova descoberta: o maior buraco negro do tipo estelar da nossa galáxia.
Recentemente, pesquisadores notaram uma oscilação distinta em uma das estrelas da constelação de Aquila. De acordo com os astrônomos, o movimento indicava que a estrela estava sendo puxada por um buraco negro.
“É uma completa surpresa. É o buraco negro de origem estelar mais massivo em nossa galáxia e o segundo mais próximo descoberto até agora”, afirmou Pasquale Panuzzo ao The Guardian. Ele é astrônomo e membro da colaboração Gaia no Observatório de Paris.
Embora os dados coletados pela missão tivessem previsão de lançamento para 2025, os pesquisadores decidiram adiantar a revelação dessa nova informação para que outros astrônomos também possam estudar o novo buraco negro, chamado BH3. Os detalhes foram publicados na revista .
Origem do BH3
O BH3 é um buraco negro estelar, ou seja, ele se formou quando um estrela de grande massa colapsou, já no final de sua vida. De acordo com os astrônomos que o descobriram, ele se formou após a explosão de uma estrela que vivia apenas a dois mil anos-luz da Terra.
Por isso, além da surpresa com a sua massa, ele também é o segundo buraco negro mais próximo do planeta. Além disso, BH3 tem uma estrela companheira.
Para os cientistas da missão Gaia, a estrela foi aprisionada no campo gravitacional do buraco negro após sua formação, uma vez que não há sinais de que esteja contaminada com material expelido pela explosão estelar que formou o BH3.
O gigante da Via Láctea
Em geral, há dezenas de buracos negros estelares na Via Láctea. Mas a maioria deles tem cerca de 10 vezes a massa do Sol. Já o BH3 é 33 vezes mais massivo que a nossa estrela.
Observações adicionais do VLT (Very Large Telescope), do ESO (Observatório Europeu do Sul), no deserto do Atacama, Chile confirmaram a informação. Além da massa, a pesquisa também identificou a órbita da estrela companheira, que circula o buraco negro a cada 11,6 anos.
De acordo com Panuzzo, apenas o buraco negro supermassivo Sagittarius A, localizado no centro da Via Láctea, tem mais massa do que o BH3. Esse gigante cósmico central tem vários milhões de vezes a massa do nosso Sol, porém, ele não é um buraco negro do tipo estelar. Isso porque não existem estrelas com tamanho suficiente para criar buracos negros desse tamanho.
Acredita-se que o Sagittarius A chegou ao seu tamanho atual engolindo gás e poeira de seus arredores ou pela fusão de buracos negros menores. Aliás, uma astrônoma brasileira ajudou a captar a primeira foto deste buraco negro supermassivo.
Por outro lado, o BH3 é semelhante a alguns buracos negros revelados por ondas gravitacionais ou ondulações no espaço-tempo. Geralmente, eles surgem quando buracos negros colidem em galáxias distantes.
“Nós só vimos buracos negros dessa massa com ondas gravitacionais em galáxias distantes”, concluiu Panuzzo.