Um publicado na terça-feira (27) aponta que assistentes de voz, como a Alexa e Siri, podem ser prejudiciais ao desenvolvimento social e cognitivo das crianças a longo prazo.
Os alertas incluem atraso no aprendizado e dificuldade em desenvolver habilidades como empatia, compaixão e pensamento crítico, diz o estudo.
A primeira preocupação é que crianças atribuam características e comportamentos humanos a dispositivos treinados para formar frases, disse o pesquisador em medicina clínica e coautor do artigo, Anmol Arora, .
O contato com os assistentes de voz pode levar crianças a antropomorfizar e depois emular os dispositivos. Na prática, elas passam a alterar seu tom de voz, volume, ênfase e entonação.
Outro problema é a falta de expectativa das máquinas para que as crianças digam palavras de bom convívio com o outro, como “por favor” e “obrigado”.
A limitação dos dispositivos nos tipos de perguntas que são capazes de responder é mais um fator prejudicial. “Isso fará com que os pequenos aprendam formas muito restritas de questionamento e sempre na forma de uma demanda”, afirmou Arora.
Padronização é prejudicial
O estudo também alerta para a dificuldade dos assistentes de voz em reconhecer as formas peculiares com que as crianças se comunicam.
Quanto mais jovens, mais difícil é para os pequenos pronunciar certas palavras corretamente – uma diferença incompreendida pelas máquinas. Se o assistente de voz interpretar errado alguma afirmação, isso pode expôr as crianças a questões inapropriadas.
O estudo cita como exemplo o caso em que uma Alexa orientou uma criança de 10 anos a fazer o desafio de tocar em um plugue elétrico conectado na tomada com uma moeda. A “brincadeira” começou no TikTok no ano passado e resulta em um choque elétrico.
“Esses dispositivos não entendem o que estão dizendo”, disse Arora. “Tudo o que fazem é regurgitar algumas informações em resposta a uma consulta restrita sem nenhuma compreensão real de segurança ou de quem está ouvindo”.