Por muitos anos, a comunidade científica definiu o vício em relação a substâncias, como drogas. Mais recentemente, isso tem mudado. Agora, comportamentos, como jogos de azar ou uso da internet e redes sociais também levantam o debate sobre características viciantes.
Em 2013, a APA (Associação Americana de Psiquiatria) do Estados Unidos introduziu a ideia de vício em jogos na internet no Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais, que é uma referência mundial para condições de saúde mental.
Esse foi o primeiro passo para consolidar um debate que vem crescendo há alguns anos. Contudo, mais estudos são necessários antes de que a ciência bata o martelo. Isso porque, quando utilizada com limites, a internet é essencial para a vida cotidiana.
Mas compreendem que as redes sociais, por exemplo, podem incitar um uso problemático da internet.
Reforço intermitente
De modo geral, as redes sociais oferecem conteúdos em tempo real e em quantidade sempre crescente. Dessa forma, age sobre os impulsos e circuitos neurológicos de uma pessoa, tornando difícil se afastar do fluxo constante de informações.
Na ciência, uma das principais táticas das redes sociais é o reforço intermitente. Ele consiste na ideia de que um usuário poderia ser recompensado a qualquer momento. No entanto, a chegada da recompensa é imprevisível – pode acontecer daqui cinco minutos ou uma hora.
É o mesmo mecanismo de uma máquina de caça-níqueis, em que a expectativa de ser recompensado faz com que a pessoa fique presa ao aparelho. Assim como no jogo de azar, as luzes e sons fazem parte do processo de atração.
Mas, de maneira ainda mais complexa, as redes sociais fazem isso também com informações personalizadas, que vão de acordo com os interesses e gostos do usuário.
Perigo para os jovens
De modo geral, todos estão suscetíveis a cair neste mecanismo e usar as redes sociais sem limites. Contudo, os jovens estão particularmente em risco.
Isso porque eles ainda não possuem o cérebro tão desenvolvido quanto adultos. Dessa forma, algumas regiões cerebrais envolvidas na resistência à tentação e na recompensa não são tão eficazes.
Por isso eles costumam ser mais impulsivos e menos controlados. Além disso, outro aspecto importante nessa relação com as redes sociais é a sociabilidade.
O cérebro adolescente é especialmente ligado em fazer conexões sociais, o que é super estimulado nas redes sociais, já que elas são feitas justamente para esse objetivo.
Por isso, podem ser ainda mais perigosas entre crianças e adolescentes. Pensando nisso, o governo brasileiro lançou neste mês o guia , com objetivo de orientar pais e responsáveis a como manter crianças e adolescentes seguros nas redes sociais.
O principal objetivo do guia é ajudar a detectar e combater o vício em telas, além de proteger os jovens de crimes na internet.