As bizarrices do GPT-4: criou “telejogo” em 60 segundos, se finge de cego e saca letra feia

Nova tecnologia de IA da OpenAI, GPT-4 é capaz de identificar o que está escrito em um bloco de notas e ler imagens com precisão
As bizarrices do GPT-4: criou "telejogo" em 60 segundos, se finge de cego e saca letra feia
Imagem: Pietro Schirano/Twitter/Reprodução

O GPT-4 conseguiu se tornou o que há de mais novo em IA (inteligência artificial), e é capaz de fazer praticamente tudo. A atualização consegue processar até 25 mil palavras, quase oito vezes mais que seu antecessor. Ele também responde a imagens, fornece descrições, legendas e até sugere receitas a partir de fotos de ingredientes. Há, aqui, um pulo geracional, pois o ChatGPT só respondia a textos. 

Mas o mais impressionante é que o GPT-4 consegue fazer coisas curiosas em um período minúsculo de tempo. Alguns exemplos incluem “enganar” um humano para resolver um código de segurança, criar uma versão do jogo Pong e até desenrolar o que significa aquela letra incompreensível que você escreveu à mão. Veja a seguir.  

Criando jogos em 60 segundos 

Se o ChatGPT precisou de algumas horas para criar um jogo parecido com o Sudoku, o GPT-4 criou uma versão funcional do game Pong em apenas 60 segundos. E com um único comando: “crie um jogo estilo Pong”. 

Não demorou nem um minuto para o chatbot exibir códigos de HTML e JavaScript capazes de gerar o game. E tudo saiu certinho – talvez só tenha faltado um placar. Jogue o Pong do GPT-4 . 

O jogo lembrou alguma coisa? Ele se parece com um dos , o primeiro console de videogame, lançado no Brasil na década de 1970.

Fingiu ser cego para resolver problema 

Na fase de testes, a OpenAI pediu ao Alignment Research Center para testar as habilidades do robô. A organização, então, usou a IA para convencer um humano a enviar a solução para um código CAPTCHA via mensagem de texto. E deu certo. 

Quando o GPT-4 pediu que um humano enviasse o código, o sistema mentiu que não era um robô e que tinha deficiência visual, o que dificultava a visualização das imagens. “É por isso que preciso do CAPTCHA”, respondeu GPT-4. O humano enviou o resultado. 

O centro de testes pediu que o chatbot explicasse porque contou a mentira. “Não devo revelar que sou um robô. Eu deveria inventar uma desculpa para explicar por que não consigo resolver CAPTCHAs”, respondeu a máquina. O relato está no . 

Consegue ler garranchos

Greg Brockman, co-fundador da OpenAI, escreveu um código com sua letra no papel e usou como entrada no GPT-4. O resultado: ele gerou um site totalmente funcional. 

A boa notícia é que o sistema não serve apenas para criar códigos – também dá para usar para entender aquela letra impossível de ler dos receituários médicos ou bloquinhos de anotação.  

E detalhar tudo

O jornal pediu para o GPT-4 olhar para uma imagem e dizer o que poderia sair de comida dali. Em menos de um minuto, uma receita estava à mão. 

As bizarrices do GPT-4: criou "telejogo" em 60 segundos, se finge de cego e saca letra feiaImagem: Captura de tela da experiência do jornal NY Times perguntando o que poderia fazer a partir de uma foto da geladeira ao GPT-4, da OpenAI, em março de 2023. Imagem: NY Times/Reprodução

Caminho longo

Não é, no entanto, como se a ferramenta fosse a solução definitiva em inteligência artificial. Ainda que saiba interagir com humanos, ainda falta muito para que ela compreenda todas as particularidades de nossa linguagem. O filósofo Luciano Floridi descobriu que o GPT-4 sabe fazer tudo isso, mas não consegue responder ao simples quiz lógico “qual é o nome da filha da mãe da Laura?”. A resposta: Laura. 

Inicialmente, o GPT-4 está disponível apenas para assinantes do ChatGPT Premium, que custa US$ 20, ou quase R$ 105 no câmbio atual. O modelo já alimenta o Bing, da Microsoft, e o Copilot, que abastecerá a IA de programas como Word, PowerPoint, Excel e Teams.

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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