Artemis 1: tudo o que você precisa saber antes do lançamento
Decolagem marca o primeiro passo da NASA para a retomada dos voos tripulados para a Lua. Confira o nosso guia da missão Artemis 1
Após um hiato de 50 anos, a NASA retomará o envio de espaçonaves para a Lua, com o lançamento da missão Artemis 1.
Essa decolagem será a primeira de uma série de missões nos próximos anos, com o objetivo de retomar os voos tripulados até a superfície da Lua, assim como abrir as portas para um potencial envio de astronautas para Marte.
Se você pretende assistir ao lançamento da NASA, preparamos aqui um guia completo com tudo o que você precisa saber sobre a missão Artemis 1. Confira!
Como será a viagem da Artemis 1 até a Lua?
A expectativa é que a missão tenha uma duração total entre 26 e 42 dias. A duração exata dependerá da data e hora do lançamento – uma vez que algum imprevisto técnico ou meteorológico pode atrasar a decolagem. Além disso, como esta é uma missão de testes, a NASA pode fazer ajustes no cronograma de voo. De acordo com a NASA, a órbita planejada fará a nave viajar entre 100 km e 70.000 km da superfície da Lua. Lá, ela deve permanecer em torno de 6 a 19 dias. Nesta missão, não está prevista uma alunissagem.Durante a viagem, a Orion deve alcançar uma distância de 450 mil quilômetros da Terra, ultrapassando o recorde anterior da nave da Apollo 13, que viajou a até 400 mil km.
No retorno à Terra, a Orion pousará com a ajuda de um paraquedas no Oceano Pacífico, sendo resgatada pela marinha dos Estados Unidos. Um resumo dessa viagem foi apresentado pela NASA na forma do infográfico abaixo.
A missão levará astronautas a bordo?
O principal objetivo desta missão inaugural é testar as tecnologias a bordo do novo foguete SLS (sigla em inglês para “Sistema de Lançamento Espacial”) e da nova espaçonave Orion, em uma viagem real de ida e volta à Lua. Por questões de segurança, a NASA decidiu que a Artemis 1 não levaria astronautas a bordo.
No programa Apollo, da década de 1960, a NASA também adotou – a duras penas – essa cautela. Durante a missão Apollo 1, três astronautas morreram em um acidente a bordo da espaçonave. O mais espantoso é que o foguete nem chegou a decolar. Um incêndio no interior da nave vitimou Virgil Grissom, Ed White e Roger Chaffee, enquanto eles estavam fazendo um ensaio rotineiro de pré-voo.
O acidente ocorreu porque a nave não estava “pronta”. Existiam problemas de comunicação, uma escotilha que demorava demais para ser aberta durante emergências, além de uma atmosfera de 100% de oxigênio — o que deixava o interior da cabine suscetível a incêndios ao menor sinal de faísca.
Apesar da pressa dos EUA de chegar na Lua antes dos soviéticos, a NASA passou a dar um passo de cada vez.
As missões seguintes voaram sem ninguém a bordo, até a Apollo 6. Além disso, a agência lançou quatro missões tripuladas de testes, entre a Apollo 7 e a Apolo 10, antes de realmente ocorrer um pouso na Lua, na Apollo 11. A desvantagem dessa precaução é que o cronograma ficou mais longo, e também gastou-se muito mais dinheiro, mas, pelo menos, ninguém mais morreu durante o programa.
Para a Artemis, a NASA pretende ser cautelosa, mas não no mesmo nível da Apollo. Na missão Artemis 2, astronautas já estarão a bordo da Orion para refazer o mesmo voo da Artemis 1. Porém, o pouso na Lua só deverá acontecer na Artemis 3.
Quais os principais objetivos da Artemis 1?
A NASA espera com essa missão demonstrar que os diferentes hardwares e softwares desenvolvidos para o programa Artemis são seguros para o início das viagens tripuladas até a Lua. Entre os procedimentos e tecnologias que serão validados estão:- SLS e Orion: A agência espacial quer coletar dados sobre o funcionamento dos diferentes sistemas do foguete e da espaçonave, ao longo de todas as fases da missão. Isso inclui o lançamento, o cruzeiro entre a Terra e a Lua, a permanência em órbita lunar, assim como o retorno à Terra. Para isso, serão testados sistemas de comunicação, propulsão e navegação.
- Escudo térmico da Orion: Demonstrar que o escudo da nave pode suportar a alta velocidade e as condições de elevada temperatura ao retornar pela atmosfera do nosso planeta. Por mais que esse escudo já tenha sido testado em terra, nenhuma instalação de teste aerodinâmico ou aerotérmico pode recriar as condições que o escudo térmico experimentará retornando de uma viagem real da Lua.
- Recuperação da nave: A missão também permitirá que a NASA teste técnicas e procedimentos de recuperação da nave após ela pousar no oceano. Essa recuperação é crítica, pois ela precisa demonstrar que ela pode ser feita de forma segura para futuras tripulações.
O que a espaçonave Orion levará a bordo?
Por mais que esta missão inaugural não tenha astronautas a bordo, a nave terá três manequins humanos como passageiros – batizados com os nomes Moonikin Campos, Helga e Zohar. Esses manequins foram fabricados com materiais que imitam ossos, tecidos moles, assim como outros órgãos humanos. Eles terão milhares de sensores e detectores para medir a aceleração, vibração e quantidade de radiação que os astronautas poderão experimentar nas viagens a partir da Artemis 2. Além disso, a cápsula levará um kit contendo 10 mil itens e artefatos que remetem a símbolos culturais ou que serão usados posteriormente para homenagear pessoas envolvidas na missão. Entre elas, estarão bandeiras, medalhas, emblemas, entre outros.Na lista também estarão itens curiosos, por exemplo, uma rocha recolhida por astronautas na Lua, bem como um parafuso do motor do foguete da Apollo 11. Tem também uma réplica impressa em 3D da deusa grega Artemis, um seixo da costa do Mar Morto, e até as versões em pelúcia do Snoopy e do Shaun, o Carneiro.
Artemis 1 também fará ciência no espaço
Aproveitando a carona para o espaço, a NASA inclui uma série de experimentos científicos a bordo da Artemis 1. Entre eles, estão 10 cubsats – pequenos satélites do tamanho de uma caixa de sapatos. Eles foram desenvolvidos pela NASA e outras agências parceiras, para realizar uma série de estudos científicos, além de fazer demonstrações tecnológicas. Esses cubsats serão liberados no espaço quando o foguete chegar em órbita ou durante a viagem para a Lua. Saiba mais sobre eles:- Lunar IceCube: procurar água em todas as formas na superfície da Lua.
- LunaH-Map: criar mapas de hidrogênio próximo à superfície, crateras e outras regiões permanentemente sombreadas do Polo Sul lunar.
- LunIR: realizar imagens infravermelhas avançadas da superfície lunar.
- OMOTENASHI: estudar o ambiente lunar.
- CuSP: medir partículas e campos magnéticos como uma estação meteorológica espacial.
- BioSentinel: verificar o impacto da radiação sobre microorganismos, por meio de células de levedura.
- EQUULEUS: fazer imagens da radiação ao redor da Terra.
- NEA Scout: viajar com uma vela solar até um asteroide próximo da Terra.
- ArgoMoon: observar com sistema de óptica avançada o funcionamento de uma propulsão criogênica.
- Team Miles: testar novos propulsores de plasma.
A NASA também quer demonstrar com esta missão que é possível utilizar no espaço tecnologias comerciais do dia a dia, com o objetivo de auxiliar os astronautas em viagens espaciais de longa duração. A bordo da Orion estarão, por exemplo, câmeras do tipo GoPro, além da assistente inteligente Alexa.