Apple desativa app de reconhecimento facial da Clearview AI e diz que empresa violou suas regras
O foi o primeiro a dar a notícia, dizendo que a Apple tomou medidas depois de saber que a Clearview havia incentivado seus clientes a baixar uma versão do aplicativo iOS reservada exclusivamente para desenvolvedores; uma violação dos termos de serviço do Enterprise Developer Program da Apple.
A Clearview tornou-se o foco de controvérsia nas últimas semanas após uma reportagem do New York Times que denunciou as práticas questionáveis de coleta de dados da empresa. A Clearview retirou cerca de três bilhões de imagens da internet para alimentar sua tecnologia de reconhecimento facial, em muitos casos violando as políticas de outras empresas, como o Facebook e o YouTube, que proíbem essa coleta e agora ameaçam entrar com ações legais.
Como observa o BuzzFeed, a Apple já havia suspendido outras empresas por violar as diretrizes do programa para desenvolvedores, incluindo o Facebook e o Google.
Na sexta-feira, o Motherboard com os dados que a Clearview acumulou sobre uma de suas repórteres por meio da Lei de Privacidade do Consumidor da Califórnia – legislação que exige que as empresas entreguem as informações que mantêm sobre os residentes da Califórnia, mediante solicitação. A repórter, Anna Merlan, enviou uma foto sua à empresa, que foi submetida ao software de reconhecimento facial. Mais tarde, a companhia forneceu os resultados, um PDF com uma série de fotografias acumuladas, datadas desde 2004.
No início desta semana, o BuzzFeed que ofereciam uma lista dos clientes da Clearview, que – além do FBI, Proteção de Fronteiras e Alfândega, Interpol e cerca de 2.200 agências policiais – incluem grandes varejistas dos EUA, como Macy’s, Walmart e Best Buy, entre empresas em 26 outros países. (A Clearview afirmou anteriormente que o aplicativo é apenas para fins de aplicação da lei.)
O Gizmodo reportou na noite de quinta-feira que obteve uma cópia da versão Android do aplicativo de reconhecimento facial da Clearview. Os repórteres analisaram o programa e descobriram vários recursos ocultos, alguns dos quais o CEO Ton-That diz que estão inativos. Um deles permitiria à polícia tirar fotos de pessoas para vasculhar o banco de dados da Clearview, que, como observou o advogado da ACLU Matt Cagle no Twitter, é proibido pela lei da Califórnia. Outro recurso misterioso é chamado de “modo de pesquisa privada”, embora seu objetivo não seja claro; Ton-That não respondeu a perguntas sobre esse modo.
Além disso, o Gizmodo relatou que o senador Ron Wyden, um importante defensor de privacidade no Congresso norte-americano, já havia solicitado à Clearview uma demonstração do seu aplicativo. A empresa concordou inicialmente, mas aparentemente adiou a reunião em várias ocasiões.