Autoridades russas suspeitam que o impacto de um meteoroide pode ter provocado um vazamento no sistema de refrigeração da nave Soyuz MS-22 – acoplada atualmente na ISS (Estação Espacial Internacional). O problema foi detectado na última semana, enquanto astronautas russos se preparavam para iniciar uma caminhada espacial.
Acredita-se que o meteoroide tenha vindo com a chuva de meteoros Geminídeos, que atingiu o seu pico de atividade justamente no dia que o vazamento apareceu na nave. Outra possibilidade levantada é a colisão com um pequeno pedaço de lixo espacial.
Conforme lembrou a agência de notícias russa , um problema semelhante ocorreu com um satélite de telecomunicações da Rússia, no início dos anos 2000. Ele também sofreu uma queda inesperada na pressão do seu sistema de controle térmico devido a um vazamento, fazendo o satélite girar sem controle e perder comunicação com a Terra.
Segundo a agência espacial russa Roscosmos, a fonte de vazamento na Soyuz MS-22 está em um circuito de resfriamento do seu casco externo. A análise dos dados aponta que a maior parte do fluido de resfriamento vazou para o espaço, mas ainda não se sabe se a falha foi causada de dentro para fora ou vice-versa.
Apesar do vazamento do material refrigerante, a temperatura, umidade e pressão dentro da espaçonave estão dentro dos limites aceitáveis. Além disso, os russos conseguiram fazer um , na última sexta-feira (16).
Até o momento, não foram detectados problemas em outros sistemas da nave.
Russos perdem o seu “bote salva vidas”
Na prática, o vazamento na Soyuz não interfere nas operações a bordo da ISS. Porém, ele representa um grande risco à segurança, pois uma nave avariada não pode ser usada para evacuar os astronautas no caso de alguma emergência médica ou problema técnico grave na estação.
Além da nave russa, está acoplada na estação a Crew Dragon, da SpaceX, com capacidade para transportar apenas quatro astronautas – sendo que a tripulação é formada hoje por sete astronautas. Isso significa que, se algo der errado a bordo, três pessoas terão que ficar para trás.
A Soyuz MS-22 foi lançada em 21 setembro, transportando os astronautas russos Sergey Prokopyev e Dmitri Petelin, além do americano Frank Rubio. Por tradição, os astronautas usam a mesma nave que chegou à ISS para voltar à Terra.
A Roscosmos afirma que a nave Soyuz MS-23 – programada para ser lançada em março de 2023 – poderia ser usada para substituir a nave danificada em um prazo de até 45 dias.
A Soyuz MS-23 já está no complexo de lançamento do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, tendo já passado por alguns testes de pré-lançamento. A nave tem capacidade para viajar e se acoplar na ISS de forma autônoma, embora um especialista de segurança tenha dito ao site que os russos preferem que ela tenha pelo menos um cosmonauta a bordo.
Um grupo de trabalho russo foi formado para avaliar se a nave com o vazamento poderá ser usada para trazer os astronautas russos e americanos em segurança para a Terra ou se será necessária a sua substituição. A decisão deverá ser tomada até o final deste mês. Até lá, os astronautas estão sem o seu “bote salva vidas” para voltar à Terra, no caso de uma emergência.
Já a NASA tem dado apoios aos russos, disponibilizando imagens de câmeras externas e usando o braço robótico da estação para ajudar na inspeção do casco da Soyuz. Por enquanto, a agência espacial dos EUA não informou se o vazamento causou algum dano aos módulos da estação espacial ou na nave da SpaceX.