Após tragédia em Capitólio, turismo predatório vira assunto

Esse conceito diz respeito ao conjunto de práticas turísticas que visam mais o lucro do que a preservação ambiental, cultural e social de determinada região.
Turismo predatório
Imagem: Ana Di Tullio/Wikimedia Commons/Reprodução

O desabamento de um bloco de rocha em Capitólio, Minas Gerais, levantou questões acerca do turismo predatório no Brasil. Esse conceito diz respeito ao conjunto de práticas turísticas que visam mais o lucro do que a preservação ambiental, cultural e social de determinada região.

O município de Capitólio, por exemplo, possui cerca de 8,7 mil habitantes, mas chega a receber 5 mil turistas nos finais de semana e até . O local tem 60% de sua economia baseada no turismo, o que o torna alvo da especulação imobiliária. O crescimento da região é voltado ao público externo, e não aos próprios moradores. 

O número desordenado de visitantes resulta em grandes quantidades de lixo deixadas às margens das represas e também nas cachoeiras. Em relato para a Folha de S. Paulo, a jornalista Cláudia Collucci sobre sua experiência no famoso mirante dos cânions três anos atrás. Durante sua visita, ela se deparou com uma série de ambulantes na região, além de rastros deixados de garrafas plásticas e bitucas de cigarro.

Isso não é tudo: Collucci também alertou para a falta de placas indicando os riscos de permanecer próximo a borda do penhasco. Sem falar na superlotação das lanchas, em que o uso de coletes salva vidas era constantemente dispensado. 

O acidente recente abre os olhos dos turistas e autoridades para a fiscalização precária da região. Não só os visitantes têm ameaçado o ecossistema da região, como o próprio meio ambiente pode apresentar riscos aos turistas quando não é monitorado.

Um bom exemplo de turismo sustentável no Brasil é visto no arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco. Para entrar na ilha, é necessário pagar taxas diárias de preservação ambiental e também ingressos para acessar o Parque Nacional Marinho. 

O governo do estado tentou liberar a entrada de cruzeiros em Fernando de Noronha, mas devido ameaças do turismo predatório. A ilha conta com uma série de voltadas a sua preservação, que incentivam desde a eliminação de carros a combustão no local até o uso exclusivo de energia solar.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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