Após 9 anos fechado, Museu do Ipiranga reabre nesta quinta-feira (8)
Após nove anos fechado, o Museu Paulista da USP – popularmente conhecido como Museu do Ipiranga – finalmente se prepara para reabrir as portas. O público deve voltar a frequentar seus salões nobres no dia 8 de setembro, tendo acesso a uma coleção de itens que remontam a história da independência do Brasil.
O edifício localizado no Parque da Independência foi construído entre 1885 e 1890. Inicialmente, ele foi pensado para ser apenas um monumento, mas se consagrou como museu cinco anos mais tarde. Em 2013, o prédio fechou para reforma, pois estava com parte de sua estrutura comprometida.
As próprias obras trouxeram revelações históricas para o local. Os pesquisadores encontraram nos jardins e paredes do edifício, como fragmentos de louça, vidraria e peças de metal.
e fragmentos de crânio de boi ou vaca também recuperados na construção sugerem que o Museu do Ipiranga foi palco no passado de rituais de matriz africana com oferenda animal e simpatias.
A equipe também encontrou na área externa uma dentadura e duas moedas de 200 réis, além de fragmentos de garrafa com tiras de papel que traziam a assinatura de Claudete Jahaqui ou Iahaqui, que não foi identificada.
Dentro do museu, foram encontrados entre o piso e o contrapiso um cachimbo de barro, um cálice pequeno de vidro e um chapéu de couro. Os cientistas acreditam que esses objetos foram deixados propositalmente pelos próprios operários que construíram o prédio como forma de marcar presença no edifício.
As peças encontradas devem ser adicionadas ao inventário do museu, que possui cerca de . Nem todos os objetos históricos ficarão expostos. Na verdade, a instituição terá agora 11 novas exposições, que somam 3,5 mil itens.
Há outra novidade: até então, o edifício não contava com ar-condicionado. Agora, o permitirá ao museu receber acervos de outras instituições, inclusive internacionais.
O Museu do Ipiranga também promove cursos gratuitos e . A equipe conta ainda com pesquisadores, professores e estudantes dispostos a atender o público e compartilhar detalhes sobre seus estudos.
Os museus do século 19 e 20 foram construídos para serem espaços de pesquisa. Como explicou Solange Ferraz de Lima, historiadora e diretora da instituição, em , o Museu Paulista “se tornou um museu exclusivamente de história, especializado na cultura material da sociedade brasileira”.
Sendo assim, a equipe usa os objetos do acervo para estudar como a própria casa dos antigos brasileiros reflete na identidade do país. Além disso, os cientistas realizam curadorias para definir o que será exposto ao público ao mesmo tempo em que estudam as coleções.
Para que a reabertura do Museu do Ipiranga não seja apenas simbólica, falta uma coisa: a criação de políticas públicas que zelem pelo patrimônio. De acordo com Solange, há muitas tragédias recentes em nossa história envolvendo acervos, como o incêndio no Museu da Língua Portuguesa, que ocorreu em 2015.
O fogo, por exemplo, é consequência da quantidade de itens inflamáveis no acervo, como os documentos, junto ao problema de manutenção das áreas em que as peças estão acondicionadas. A criação de leis que olhem para a preservação dos espaços poderia reduzir os riscos de acidentes.