Aplicativo do Ministério da Saúde é um teste do BuzzFeed de mau gosto
- Alta probabilidade de Covid-19: pontuação maior ou igual a 6
- Média probabilidade: 4 a 5
- Baixa probabilidade: 2 a 3
Na sequência, o desenvolvedor web compartilhou um print no Twitter mostrando o código. Ele também fez parte do de casos e óbitos por Covid-19 de volta quando o Ministério da Saúde retirou-os do ar no ano passado.
vedo o código fonte do “TrateCov”: está claro que cloroquina e derivados sempre vao aparecer se houver a possibilidade de seleção de tratamento precoce, independente dos dados anteriores faça essa informação chegar no seu jornalista favorito— joseli.to (@breakzplatform)
Em declaração ao Gizmodo Brasil, o desenvolvedor diz que um dos principais problemas do TrateCov é o fato de que “textualmente, tudo já está lá, apenas escondido. Não se trata de um formulário que faz uma requisição e analisa os dados ou algo do gênero. Ele só faz aparecer o que já estava escrito ali, mudando a dosagem usando alguns pontos”.
Flávio Oota, consultor de tecnologia do Gizmodo Brasil, confirma que o código fonte mostra os medicamentos que são exibidos por padrão na plataforma sempre que o tratamento precoce é recomendado. A partir dessas opções, o médico pode selecionar quais serão receitadas ao paciente e a dosagem de alguns deles.
Captura de tela: Flávio Oota/Gizmodo Brasil
Para verificar como a plataforma funciona, simulamos um paciente recém-nascido, sem quaisquer comorbidades ou contatos com locais públicos e pessoas com Covid-19. Informamos que os sintomas incluíam apenas tosse seca, congestão nasal e diarreia, que podem ser comuns a uma gripe. O resultado do escore de gravidade calculado pelo sistema foi de 9 pontos, e a recomendação foi “Iniciar Tratamento Precoce para Covid-19”.Captura de tela: TrateCov/Gizmodo Brasil
Abaixo da recomendação, aparece a pergunta “Paciente receberá o tratamento precoce?”. Quando o médico seleciona “Não”, outras quatro alternativas são exibidas para que ele justifique a decisão: Recusa do paciente, Contraindicação médica, Falta de medicamentos, Outros. Ao selecionar “Sim”, a lista de opções de medicamentos apresentada é:- Difostato de Cloroquina 500mg – 6 comprimidos. Tomar 1 comprimido de 12/12 horas no primeiro dia. Após, tomar 1 comprimido ao dia, até completar 5 dias.
- Hidroxicloroquina 200mg – 12 comprimidos. Tomar 2 comprimidos de 12/12 horas no primeiro dia. Após, tomar 2 comprimidos ao dia, até completar 5 dias.
- Ivermectina 6mg – Tomar 0 comprimidos ao dia por 5 dias.
- Azitromicina 500mg – 5 comprimidos. Tomar 1 comprimido ao dia, por 5 dias.
- Doxiciclina 100mg – 10 comprimidos. Tomar 1 comprimido 12/12 horas, por 5 dias.
- Sulfato de zinco(30mg ou 50mg) – 14 comprimidos. Tomar 1 comprimido de 12/12 horas por 7 dias.
- Dexametasona – selecionar a posologia
Captura de tela: TrateCov/Gizmodo Brasil
Conforme explica Joselito Júnior, “não importa se você é um bebê ou idoso, se tem uma comorbidade (escore 6) ou todas (escore 33). O tratamento preventivo é o mesmo. Apenas alguns dados de peso e altura são utilizados pra regular a dosagem”.O Ministério da Saúde já havia sido alertado até mesmo pelo Twitter sobre o perigo de promover o “Kit Covid”, que inclui os medicamentos listados acima. Além de não haver nenhuma comprovação científica sobre a eficácia desses remédios no tratamento contra Covid-19, eles também podem colocar a saúde de muitos . Alguns dos da hidroxicloroquina ou da cloroquina incluem, por exemplo, reações cardiovasculares, como paradas cardíacas, e alterações no sistema nervoso central, resultando em convulsões e até mesmo coma.
O TrateCov está sendo testado em Manaus, que está enfrentando um pico de mortes por Covid-19 e um colapso no sistema de saúde. Segundo o comunicado do Ministério da Saúde, 342 profissionais de saúde já foram cadastrados na plataforma e “assim que terminar o processo de cadastro e capacitação, o TrateCov entrará em ação para auxiliar os médicos de todas as unidades de saúde do município. Depois desta experiência, o aplicativo poderá ser ampliado para outras regiões do país”.