Durante o verão, as baleias da espécie jubarte permanecem nas regiões polares, onde se alimentam principalmente dos crustáceos krill. De barriga cheia, migram no inverno para latitudes tropicais, onde dão início à fase reprodutiva.
Pelo Brasil, estas gigantes ocupam, principalmente, os estados da Bahia e Espírito Santo. Só que de uns tempos para cá o (Probav) registrou um aumento na aparição de baleias no litoral norte de São Paulo.
Foram feitos apenas no ano passado, mais do que o dobro de 2020.
Além disso, o Projeto Baleia Jubarte, que monitora a espécie no Brasil há mais de 30 anos, também registrou um recorde em território nacional.
Foram registrados 230 encalhes do animal em 2021 –número negativo, já que os encalhes indicam que o animal chegou morto à costa ou faleceu preso em terra firme. Para comparar, ocorreram 76 encalhes em 2020.
Há algumas hipóteses que explicam esse fenômeno, segundo os pesquisadores.
Primeiro, a proibição da caça e os esforços de conservação nas últimas décadas permitiram um crescimento populacional da espécie. Em contrapartida, os efeitos das mudanças climáticas interferiram na cadeia alimentar e, consequentemente, reduziram a oferta de alimentos na Antártida.
Sendo assim, os animais podem estar chegando ao Brasil ainda com fome, o que os leva a buscar comida nas regiões costeiras. De acordo com os registros, 90% das baleias que encalharam no ano passado eram juvenis e muitas delas estavam consideravelmente magras.
Em entrevista ao , o biólogo Marcos César de Oliveira Santos, professor do Instituto Oceanográfico da USP (IO-USP), atentou para o fato de que, ao mesmo tempo em que aumentou o número de baleias, subiu também o número de pessoas no mar aptas a observá-las.
O avanço em técnicas de monitoramento e a maior notificação de encalhes podem ter criado um “viés de observação”, o que fez com que as variações estatísticas pareçam maiores do que realmente são.