Ciência

Anticorpos direcionados podem tratar câncer de bexiga, diz estudo

Combinação de medicamentos - entre eles, o ADC - quase dobrou sobrevida de pacientes com câncer de bexiga; veja mais
Imagem: CDC/ Unsplash/ Reprodução

Um novo estudo concluiu que a combinação de dois medicamentos pode dobrar o tempo médio de sobrevivência de pessoas com câncer de bexiga avançado. Em resumo, a tecnologia utiliza anticorpos direcionados ao câncer para matar os tumores.

O tratamento foi aprovado pela FDA () no início do ano, que equivale à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nos Estados Unidos. Contudo, ainda não estava claro como os medicamentos se sairiam em um estudo clínico envolvendo mais pessoas.

Os resultados da pesquisa vieram a público no , realizado em Madri durante o mês de outubro. Este foi o maior avanço no estudo de tratamentos de câncer de bexiga, cujas taxas de sobrevivência quase não mudaram desde a década de 1980.

Como funciona a combinação de medicamentos

Os dois medicamentos usados no estudo são o pembrolizumab e o enfortumab vedotin, que é um ADC (Antibody-drug conjugate, ou conjugação anticorpo-medicamento, em português).

De modo geral, o primeiro bloqueia uma proteína que prejudica o sistema imunológico. Isso permite que o corpo lance um ataque mais eficaz contra os tumores.

Já o segundo, que é o ADC, consiste em um anticorpo que visa uma proteína chamada nectin-4. Ela é expressa em níveis mais altos em alguns tipos de células cancerosas, de modo que é possível diferenciá-las de células não cancerosas.

Anexado a esse anticorpo está uma substância química que interrompe a divisão celular, ou seja, faz com que o câncer pare de se espalhar.

Assim, o objetivo dos ADCs é visar diretamente as células tumorosas, em vez de administrar um medicamento que pode danificar também outros tecidos.

O novo estudo testou esse efeito. Foram mais de 880 participantes; parte recebeu o novo tratamento e parte seguiu com quimioterapia tradicional.

O uso do ADC junto ao pembrolizumab aumentou o tempo de sobrevida de uma pessoa com câncer de bexiga de 16 para 31,5 meses, em comparação com a quimioterapia tradicional.

Como destacou a Nature, vários ADCs já estão disponíveis no mercado e visam tratar para diversos tipos de câncer. Contudo, pesquisadores ainda estão buscando a melhor forma de utilizá-los em pacientes.

O avanço na ciência

Os resultados sugerem que os ADCs podem se tornar mais potentes quando combinados com um medicamento que estimula o sistema imunológico, como o pembrolizumab.

Dessa forma, espera-se que novos ensaios clínicos conjuguem medicamentos para tratar outros tipos de câncer. Na pesquisa sobre o câncer de mama, alguns já apontaram resultados animadores.

Ainda assim, há novos avanços que precisam ser feitos. Embora os ADCs tenham sido desenvolvidos com o objetivo de ser uma forma mais segura de quimioterapia, eles provaram ter riscos associados. 

Estudos indicam que há potencial de danos nos nervos e nos pulmões de pessoas que utilizaram os medicamentos. Por isso, pesquisas futuras devem se concentrar no desenvolvimento de ADCs ainda menos tóxicos. 

Além disso, pesquisadores acreditam que é possível investigar quais medicamentos podem ser usados em conjunto com segurança.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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