Alienígenas de 1.715 estrelas poderiam ter visto a Terra nos últimos 5 mil anos, sugere estudo
As descobertas podem ser úteis para os pesquisadores que buscam inteligência extraterrestre.
Os astrônomos na Terra avistaram milhares de exoplanetas — planetas que orbitam uma estrela fora do sistema solar — desde a década de 1990, então não é irracional supor que os alienígenas, caso existam, sejam capazes do mesmo feito. Trabalhando com base nessa suposição, os astrônomos identificaram um número surpreendente de estrelas próximas a partir das quais “astrônomos alienígenas” poderiam ter detectado nosso planeta desde o advento da civilização humana.
Só nos últimos 30 anos os cientistas finalmente conseguiram responder à velha questão sobre se os planetas orbitam outras estrelas. Até o momento, mais de foram confirmados pelos astrônomos, a grande maioria deles (cerca de 70%) detectados usando o chamado método de trânsito. A técnica funciona medindo diminuições periódicas na luminosidade de uma estrela — o resultado da passagem de um exoplaneta entre essa estrela e a Terra. Quanto maior for a queda no brilho, maior será o planeta. E, documentando trânsitos repetidos, os astrônomos podem calcular a duração do ano de um exoplaneta.
O método de trânsito é ótimo, mas só funciona quando nosso ponto de vista está correto, já que os exoplanetas precisam passar diretamente na frente de sua estrela hospedeira a partir de nossa linha de visão. Por extensão lógica, os astrônomos alienígenas deveriam ser capazes de usar o método de trânsito para localizar a Terra, mas, novamente, a direção da visão é crucial.
O elemento adicional de tempo
Em 2020, uma equipe liderada por Lisa Kaltenegger, professora de astronomia da Universidade Cornell, cerca de mil estrelas atualmente estacionadas na Zona de Trânsito da Terra (ETZ, na sigla em inglês), ou seja, o ponto ideal de onde nosso planeta pode ser visto transitando ao redor de nosso sol. Kaltenegger, junto com a co-autora do estudo Jackie Faherty, astrofísica do Museu Americano de História Natural, agora atualizou este estudo adicionando o elemento tempo. Os detalhes desta análise foram na Nature.
“O universo é dinâmico e tudo se move”, escreveu Kaltenegger por e-mail. “Assim, o assento dianteiro cósmico para ver a Terra como um planeta em trânsito, bloqueando a luz do Sol, é passageiro. Ele pode ser obtido e perdido. Queríamos saber por quanto tempo as estrelas mantêm esse ponto de vista, e também quais estrelas o tinham e quais estrelas o receberão”, explicou.A dupla escolheu um período de 10 mil anos: 5 mil anos passados, quando as primeiras civilizações humanas surgiram, e os próximos 5 mil anos, já que ela se diz “otimista de que descobriremos como sobreviver”, explica Kaltenegger.
Estrelas com vista para a Terra
Usando dados do Catálogo de Estrelas Próximas de Gaia (GCNS, na sigla em inglês) da Agência Espacial Europeia, a equipe identificou 1.715 estrelas em cerca de 300 anos-luz que estavam na ETZ durante os últimos 5 mil anos e outras 319 estrelas que irão entrar nesta zona especial nos próximos 5 anos anos. Das 2.034 estrelas identificadas, sete são conhecidas por hospedar exoplanetas. Curiosamente, 75 dessas estrelas estão perto de 100 anos-luz, o que significa que estão perto o suficiente para captar nossos sinais de rádio vazando, tornando-nos mais detectáveis. Com os dados coletados pela missão Kepler da NASA, isso leva a cerca de 500 exoplanetas habitáveis em 300 anos-luz e cerca de 29 exoplanetas estimados em 100 anos-luz, e novamente, todos dentro da Zona de Trânsito da Terra.Em termos de descobertas confirmadas, sete estrelas dentro da ETZ são conhecidas por hospedar exoplanetas, das quais quatro estão perto o suficiente para receber nossas ondas de rádio:
- Ross 128b (11 anos-luz de distância, com um planeta de massa terrestre na zona habitável);
- estrela de Teegarden (12,5 anos-luz de distância, com dois planetas de massa semelhante à Terra na zona habitável);
- GJ 9066 (14,6 anos-luz de distância, com dois exoplanetas gigantes gasosos);
- e Trappist 1 (40,6 anos-luz de distância, com sete do tamanho da Terra, quatro deles na zona habitável).