Arquipélago no Alasca pode ser, na verdade, um sistema de seis vulcões interconectados
Como se já não tivéssemos notícias perturbadoras o suficiente em 2020, aí vem mais uma: geólogos agora têm motivos para suspeitar que um aglomerado de ilhas do Alasca é, na verdade, parte de um gigantesco sistema vulcânico interconectado, do mesmo tipo visto no Parque Nacional de Yellowstone.
Chamado de Ilhas das Quatro Montanhas (IFM), o arquipélago vulcânico está localizado ao longo da cadeia de ilhas Aleutas. Uma nova pesquisa liderada por John Power do U.S. Geological Survey no Alaska Volcano Observatory apresenta evidências de “uma grande caldeira não reconhecida anteriormente” no IFM, que será apresentada nesta segunda-feira (7) durante o Encontro de Outono de 2020 da União de Geofísica dos Estados Unidos (AGU).
O aglomerado consiste em seis estratovulcões bem espaçados, chamados Cleveland, Carlisle, Herbert, Kagamil, Tana e Uliaga. Estratovulcões são exatamente aquilo que você está pensando: vulcões enormes em montanhas altas e íngremes cobertas por um cone fumegante. A região também é intercalada com um monte de cones menores e fissuras. Das seis montanhas, Cleveland foi a mais ativa nas últimas duas décadas, criando nuvens de cinzas que atingem entre 4,5 e 9 metros.
A cratera do Monte Cleveland. Imagem: Cindy Werner/USGS
A suposta caldeira não foi detectada por muito tempo porque está escondida por depósitos recentes e pelo oceano. E, de fato, não foi fácil para esses geólogos reunir suas evidências. Elas só foram possíveis por meio da análise de depósitos geológicos, mudanças na região ao longo do tempo, emissões de gases e medições de gravidade (que indicam a densidade das rochas enterradas), entre outras pistas. O IFM, ao que parece, está sendo influenciado por esta caldeira previamente não detectada.
Para ser claro, não está provado que as ilhas IFM fazem parte de uma caldeira. É um palpite forte que agora precisa ser reforçado por outras observações.
“Nossa esperança é voltar às Ilhas das Quatro Montanhas e olhar mais de perto o fundo do mar, estudar as rochas vulcânicas com mais detalhes, coletar mais dados sísmicos e gravitacionais e amostrar muito mais áreas geotérmicas”, explicou Diana Roman, coautora do estudo e geóloga do Carnegie Institution for Science em Washington.
Caldeiras são câmaras subterrâneas enormes cheias de magma e são conhecidas por produzirem algumas das erupções mais catastróficas da história do nosso planeta. Em comparação, estratovulcões são acompanhados por bolsões minúsculos de magma. E, de fato, eles são frequentemente chamados de supervulcões por esse motivo.
Cada ponto em vermelho representa uma caldeira no arquipélago de Aleutas. Imagem: John Power/USGS
Yellowstone é provavelmente a caldeira mais reconhecível da Terra, devido ao seu tamanho e potencial ameaça. Não se espera que entre em erupção tão cedo, mas se acontecer, a caldeira derramará lava sobre uma região que se estende por 48 a 64 km. Essas erupções também podem produzir grandes quantidades de cinzas, o que pode alterar o clima no planeta como um todo. Carregado pelo vento, o aerossol de enxofre e as partículas de cinzas leves causariam “uma diminuição notável nas temperaturas ao redor do globo”, de acordo com o .
A possível caldeira no IFM provavelmente não se iguala ao Parque de Yellowstone em termos de tamanho ou ameaça, e muitas outras caldeiras já foram confirmadas nas Aleutas. Contudo, isso não é motivo para subestimar o perigo representado por essas características geológicas. Essa é uma descoberta muito séria e, eventualmente, os geólogos podem ter que reclassificar os vulcões IFM. O gigantesco sistema vulcânico interconectado pode explodir no futuro e com “graves consequências globais”, segundo a AGU.
Além de alterar o clima, grandes erupções também podem resultar em mudanças sociais significativas. Como, por exemplo, em 43 aC, quando o vulcão Okmok do Alasca, que é alimentado por uma caldeira, explodiu. sugerem que essa erupção foi uma das principais causas que levou à queda da República Romana e do Reino Ptolomaico no que hoje é o Egito. Então, não é brincadeira mesmo.