O sucesso das fritadeiras elétricas, também conhecidas como airfryer, é incontestável. Elas caíram no gosto do público desde que os primeiros modelos surgiram no mercado, por volta de 2010.
Com a pandemia e o aumento nos preços do gás e óleo de cozinha, ganharam ainda mais força: há canais e sites que dedicam-se exclusivamente ao cozimento nesses equipamentos.
Mas será mesmo que o custo é menor quando usamos airfryer? Quanta energia as fritadeiras elétricas demandam? E como fica o gosto dos alimentos? Tem alguma mudança nos nutrientes do que é preparado ali?
Para esclarecer essas dúvidas –bastante comuns, por sinal– buscamos dados e entrevistamos especialistas no assunto. Acompanhe a reportagem do Gizmodo Brasil.
Fritar na airfryer ou a óleo: o que é mais barato?
Primeiro é preciso saber quanto custa uma airfryer. No mercado temos vários modelos que podem ir de R$ 300 a R$ 2 mil, dependendo da marca e funcionalidades. Vamos supor que compramos uma fritadeira elétrica por R$ 550. Ela comporta 4 litros de alimentos e tem controle de temperatura de até 200ºC e 1500w de potência.
Uma frigideira, por outro lado, pode custar bem mais barato: há modelos que vão de R$ 25 até mais de R$ 400, a depender da marca. O tempo médio de uma panela varia: depende, principalmente, de dois fatores: 1) do material (se é cerâmica, inox, antiaderente…); e 2) do cozinheiro (se usa os utensílios adequados, qual a frequência de uso, etc).
Já o óleo de soja, o mais usado para fritar alimentos no Brasil, pode custar de R$ 9,50 a R$ 23, na embalagem de 900ml, a variar da marca e ponto de venda. O gás de cozinha é outro valor a ser considerado: o preço do botijão muda de região para região, mas podemos estimar um custo médio em R$ 110.
Uma rápida análise já pode dizer que uma airfryer parece mais econômica, mesmo que dependa de um investimento inicial maior. O equipamento não precisará de óleo ou gás para funcionar e pode durar até 10 anos, se bem cuidado.
Agora, a fritadeira elétrica, como o nome diz, depende de energia para funcionar –um “item” que não está lá tão barato no Brasil. , plataforma especializada no teste de produtos e eletrodomésticos, mostrou que o consumo médio de energia das airfryers é de 0,66kWh (quilowatt/hora).
Para calcular o gasto, basta olhar para a tarifa atual de energia elétrica da sua região. Um exemplo: na cidade de São Paulo, usar a airfryer por uma hora custaria R$ 0,60, visto que a tarifa residencial é de R$ 0,92 por kWh. Se a fritadeira elétrica for usada por uma hora nos 30 dias do mês, isso vai dar um acréscimo aproximado de R$ 18 na conta de luz.
E a comida, fica como?
Apesar de ter “fritadeira” no nome, a airfryer não “frita” nada, como explicou Paula Nasato Benatti, estudante de Ciências dos Alimentos na USP (Universidade de São Paulo). “Podemos dizer que as fritadeiras elétricas funcionam mais como fornos em tamanho reduzido”, explicou.
O fato de serem pequenas facilita para que o ar quente circule e se choque contra os alimentos, acelerando o processo de cozimento. Por isso mesmo, as airfryers não deixam o mesmo sabor em comparação com aquilo que é feito no óleo ou forno, por exemplo.
“A fritura em óleo confere ao alimento características mais agradáveis de cor, sabor, textura e palatabilidade”, disse Paula. A principal diferença está no fato da airfryer remover a umidade dos alimentos –é quase uma desidratação. Isso não altera só a forma física dos alimentos, mas também seu aroma e sabor.
Ainda assim, a airfryer é um dos métodos de cozimento que melhor mantém as propriedades dos alimentos. Um com pesquisadores da FAG (Centro Universitário Fundação Assis Gurgacz) e UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) de 2019 mostrou que a comida preparada na fritadeira elétrica continuou com mais compostos fenólicos, atividade antioxidante e concentração de proteínas que outros fritos no óleo ou cozidos no microondas.
“Toda tecnologia muda hábitos”, pontuou o . “A airfryer hoje traz um resultado a menos no prato, porém a economia é imediata”. No prato de comida, a fritadeira elétrica também ganha pela comodidade.
“Acredito que em pouco tempo essas máquinas vão se aperfeiçoar ou surgirão outras para imitar os efeitos que temos com a fritadeira convencional, a óleo. Mas é claro que, na situação em que estamos, gastar pouco é bem vindo”, terminou.