Os anfíbios são o grupo de vertebrados mais ameaçado do mundo – cerca de 41% das espécies estão sob risco de extinção. Até então, relatórios da IUCN (União Internacional pela Conservação da Natureza) mostram que a perda de habitat é a maior ameaça a esses animais. Agora, pesquisadores descobriram outro fator de risco: o mercúrio.
Cientistas realizaram a primeira avaliação em larga escala da substância em anfíbios adultos nos EUA. Os resultados, publicados na revista , indicam que alguns animais podem atingir níveis muito elevados do metal, a ponto de ficarem intoxicados.
O que é o metilmercúrio
O mercúrio é um metal líquido à temperatura ambiente e altamente tóxico. Já o metilmercúrio é uma variante produzida por micróbios que vivem na água e entram em contato com a substância contaminante.
De modo geral, o metilmercúrio é uma das formas mais tóxicas do metal. Ainda mais preocupante é o fato de que a substância é também o tipo mais “biodisponível” de mercúrio. Isso significa que ele é mais absorvido por organismos vivos.
Geralmente, ele contamina água ou alimentos e, assim, entra na cadeia alimentar. Depois que ele está no organismo, é difícil eliminá-lo.
Então, ele se acumula nos animais à medida que continuam a se alimentar, um processo que os cientistas chamam de bioacumulação. Dessa forma, é altamente tóxico para vertebrados, desde os humanos até os anfíbios.
Entenda a pesquisa
Analisando o mercúrio presente em amostras de 14 espécies e 26 populações de anfíbios, os pesquisadores encontraram uma alta variação na concentração da substância nos animais.
Enquanto em alguns representantes das espécies o metal era quase indetectável, em outros os níveis ultrapassaram a referência do que é considerado prejudicial à saúde. Com isso, a maior medição foi 33 vezes o valor da menor.
De modo geral, a quantidade de metilmercúrio em anfíbios variou de local para local. Além disso, outros fatores influenciaram a concentração da substância, como a dieta, o tamanho e o sexo.
Contudo, três espécies de salamandras tiveram as maiores concentrações: a Necturus beyeri, a Necturus maculosus e a Eurycea bislineata. Já algumas espécies de sapos tiveram os níveis mais baixos de mercúrio, como Rana clamitans, Rana pretiosa e Anaxyrus boreas.
Agora, com essas informações, pesquisadores dizem que é possível identificar populações de anfíbios que estão sob ameaça de contaminação — ou como o composto pode causar doenças.