“A Noite do Dia 12” se inspira em caso real e retrata feminicídio de forma sensível

"A Noite do Dia 12", vencedor do prêmio César, é um suspense impactante sobre misoginia. Veja mais
a noite do dia 12
Imagem: Reprodução/IMDb
Há um motivo para “A Noite do Dia 12” (“La nuit du 12”, no título original em francês) ter ganhado 6 prêmios César, incluindo o de Melhor Filme. Para quem não está familiarizado, a honraria é a mais importante do cinema francês, equivalente a um Oscar no país.

O suspense de mistério é uma ficção baseada em um caso real, com direção de Dominik Moll. O filme chegou ao Brasil nesta quarta-feira (19), no Festival Filmelier no Cinema, que continua até 10 de maio, trazendo .

“A Noite do Dia 12” acompanha Yohan (Bastien Bouillon), um investigador que se vê obcecado por um caso de assassinato. A obra é um retrato sensível de feminicídio que traz cenas impactantes, capazes de despertar a raiva do público com uma realidade triste: o ódio a mulheres. Apesar de fortes, as cenas não apresentam violência extrema, o que é um ponto positivo para os que têm estômagos fraco.

O retrato da misoginia em “A Noite do Dia 12”

O suspense também reforça outros efeitos do machismo. Ao decorrer da trama, é possível observar as reações ao assassinato de Clara (Lula Cotton-Frapier), uma jovem de 21 anos. Os interrogatórios envolvem deboches e julgamentos, enquanto as únicas demonstrações de empatia parecem vir de seus entes queridos, além dos investigadores por trás do caso. Isso mostra como mulheres são, muitas vezes, desumanizadas e culpabilizadas pelos crimes dos quais são vítimas. Culpabilização essa que não é a mesma para os homens, algo se torna visível quando um dos suspeitos, com histórico de violência doméstica, tem a oportunidade de continuar a viver sua vida normalmente.

“A Noite do Dia 12” é envolvente e tem atuações e diálogos intensos. Quem se destaca nesse quesito é Nanie (Pauline Serieys), que em meio ao luto, se vê tentando defender a imagem de sua falecida amiga. É nesse contexto que ela acaba por proferir uma das frases mais marcantes do filme, afirmando que Clara “morreu por ser mulher”. Outro respiro em meio aos comentários sexistas é Nadia (Mouna Soualem). A presença da policial, que ressalta que “os homens matam e os policiais são homens”, se contrapõe ao machismo de parte da equipe policial.

O longa consegue retratar bem alguns dos maiores medos das mulheres, e pode servir para gerar reflexão nos homens. Talvez seu único ponto negativo seja – alerta de spoiler! – a falta de conclusão do final. Mas, frustrações à parte, é preciso lembrar que, na vida, nem todos os crimes tem solução.

Confira abaixo o trailer de “A Noite do Dia 12”:

Isabela Oliveira

Isabela Oliveira

Jornalista formada pela Unesp. Com passagem pelo site de turismo Mundo Viajar, já escreveu sobre cultura, celebridades, meio ambiente e de tudo um pouco. É entusiasta de moda, música e temas relacionados à mulher.

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