A lua pode entrar em um novo período geológico graças à atividade humana
O impacto da atividade humana sobre as características naturais da Terra fez com que pesquisadores definissem que o planeta entrou em uma nova época geológica, o Antropoceno. Agora, o mesmo pode acontecer com a lua.
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Kansas, nos Estados Unidos, afirma que as atividades de agências espaciais na superfície lunar já interferem mais no satélite natural do que os acontecimentos naturais.
Dessa forma, eles defendem que uma nova era geológica seja definida também para a vizinha da Terra.
Impactos humanos na lua
Desde 1959, os humanos começaram a interferir na superfície da lua. Foi nesse ano que a então União Soviética lançou no espaço sonda Luna 2, que se chocou com o satélite natural e deixou uma cratera.
Depois da Rússia, Estados Unidos e China também . A Índia fez o mesmo mais recentemente, de forma que se tornou o quarto país a alcançar a conquista.
Segundo pesquisadores, os humanos causaram perturbações na superfície lunar em pelo menos 59 locais até hoje. Além disso, as missões também descartaram objetos por lá, como partes de espaçonaves, bandeiras, bolas de golfe e sacos de excremento humano.
Tudo isso fez com que a interferência humana movimente mais regolito da superfície lunar do que processos naturais, como os impactos de meteoroides. Fora isso, poucos fenômenos acontecem por lá. Apenas terremotos lunares fracos, que ocorrem esporadicamente.
“Além disso, não acontece muito. Apenas nós andando nela têm um impacto ambiental maior do que qualquer coisa que aconteceria na lua em centenas de milhares de anos”, explicou Ingo Waldmann ao .
Qual a situação da lua agora?
No momento, a divisão geológica lunar que a lua passa é o Período Copernicano, que remonta a mais de um bilhão de anos atrás. Em comparação, a Terra passou por cerca de 15 períodos geológicos durante esse mesmo tempo.
Segundo Justin Allen Holcomb, cientista da Universidade de Kansas, ainda há muita variação nas estimativas dos impactos humanos deixados na lua. Contudo, com os planos das agências espaciais de explorar o satélite natural da Terra, os cientistas ficaram preocupados.
“Está tão focado na quantidade de dinheiro ou minerais que podemos obter, mas realmente precisamos desacelerar e discutir quais são as consequências”, opina Holcomb. Para evitar mais estragos, pesquisadores sugerem a criação de algo equivalente a um parque nacional na lua.
“A superfície lunar é o ambiente mais prístino ao qual temos acesso, porque o regolito se acumula tão lentamente e a erosão acontece tão lentamente que você tem toda a impressão do sistema solar na lua como registros geológicos, o que não temos na Terra. É importante para a ciência”, diz Waldmann.