A dança dos preços de jogos e consoles no Brasil
por Bruno Izidro
A partir desse mês de novembro, as versões nacionais do Xbox One e Xbox 360 começam a ficar mais caras no Brasil, com preços sugeridos de R$ 2.499 e R$ 1.099, respectivamente – isso nos modelos mais básico de ambos, sem o Kinect. O aumento ainda deve demorar um pouco a aparecer para o consumidor, pelo menos enquanto as lojas ainda estão com os estoques antigos dos videogames. Mas os novos valores devem afetar bastante a venda dos consoles – principalmente nessa época de compras de Natal – e isso é algo de que a Microsoft estava ciente quando anunciou o aumento.
É bom lembrar que, mesmo produzido no Brasil, o Xbox One usa muitos componentes importados, o que acaba impactando o custo da produção do aparelho. Foi esse também o motivo do preço do PlayStation 4, quando começou a ter fabricação nacional recentemente, não ter conseguido ficar menos do que R$ 2.599 – o valor é bem inferior aos R$ 4 mil em que ele ainda era vendido por aqui (isso, claro, falando oficialmente), mas ainda não é nem um pouco tentador. Mesmo que seja possível achar os consoles por preços bem mais em conta, os valores oficiais sempre influenciam os preços praticados, até mesmo no mercado cinza.
A situação financeira do país e a alta do dólar não estão afetando somente o preço dos consoles: muitos games também estão chegando às lojas com valores bem salgados. Antes com média de preços que variavam entre R$ 150 e R$ 180, os lançamentos para consoles agora estão sendo vendidos acima de R$ 199. Isso vem acontecendo com os principais jogos lançados nesse segundo semestre.Os casos mais graves ficam com os títulos distribuídos pela WB Games (que atende tanto a própria Warner quanto a Electronic Arts aqui no Brasil). Mad Max e Fifa 16, por exemplo, foram lançados oficialmente por R$ 249. Já nos futuros Need for Speed e o aguardado Star Wars Battlefront, que estão em pré-venda, o valor chega a R$ 279 na mídia física. Nas versões digitais das lojas online do PlayStation e Xbox, o preço cai um pouco, podendo ser achados por R$ 229. Para esta reportagem, tentamos entrar em contato com a WB Games, mas ninguém da empresa quis comentar o assunto.
Em outras situações, o valor sobe assim que o jogo é lançado. Foi o que aconteceu com Assassin’s Creed Syndicate, que na pré-venda estava no valor R$ 199, mas quando chegou às prateleiras das lojas, no fim de outubro, passou a custar R$ 249. Assim como a WB Games, não conseguimos entrar em contato com a Ubisoft para comentar sobre o assunto.
Um caso, porém, que vai na contramão dos demais é Fallout 4. As versões para PS4 e Xbox One do aguardado RPG estavam custando R$ 249 na pré-venda, mas agora podem ser encomendados por R$ 199. Essa redução de R$ 50 aconteceu graças à Gaming do Brasil, que está distribuindo o jogo aqui no país.
A Gaming do Brasil vê com otimismo o cenário brasileiro e, por isso, decidiu realizar esse esforço em reduzir o preço. “Confiamos no Brasil e sabemos que nenhuma crise é eterna”, declara o gerente geral da Gaming no país, Juliano Bolzani. O executivo fala que houve tentativas, desde o início, de reduzir o preço de Fallout 4, mas só encontraram as condições ideais após o início da pré-venda. Porém, eles não queriam aplicar a redução após o lançamento. “Entendemos e compartilhamos a frustração de consumidores que compram um jogo no lançamento e pouco depois percebem uma redução nos preços, e essa não é nossa política”, fala.
Com o RPG da Bethesda sendo um dos grandes lançamentos nesse fim de ano e por todo o hype em volta dele, a redução também parece ser uma aposta quase segura da distribuidora de que o número de cópias vendidas seja o suficiente para compensar os eventuais prejuízos da diminuição do preço. E quem já tinha feito a pré-compra de Fallout 4? Bolzani explica que as pessoas devem entrar em contato com a loja em que adquiriu o jogo para atualizar a compra e ressarcir, de alguma forma, os R$ 50 de diferença.
É bom ressaltar que o preço de R$ 199 só vale para as versões de consoles de Fallout 4, já que a Gaming do Brasil não é responsável pela versão para PC. No Steam, o game está em pré-venda . Jogar videogame – pelo menos de forma mais tradicional, com consoles caseiros – sempre foi uma atividade cara, afinal eles são quase artigos de luxo, principalmente aqui no Brasil. Mas, quando os valores chegam a patamares muitos altos, isso acaba não sendo benéfico para ninguém. O jeito são os jogadores procurarem por preços melhores, e eles acabam achando isso nas lojinhas do mercado paralelo e importadoras. É o jogo do capitalismo, que sempre consegue mais vidas para continuar as próximas fases.