78 milhões de pessoas podem sofrer de fome crônica por causa das mudanças climáticas
Um estudo recente indica que, até 2050, milhões de pessoas podem passar a viver em situação de fome extrema. E tem tudo a ver com aquecimento global.
Um do International Food Policy Research Institute (IFPRI), nos EUA, verificou que investimentos em pesquisas agrícolas, gestão de água e infraestrutura podem evitar que os impactos das mudanças climáticas aumentem o número de pessoas em situação de fome crônica até 2050. Só o setor agrícola precisaria receber um investimento de US$ 2 bilhões por ano, o que representa um crescimento de 120% em comparação com os valores atuais.
O instituto estima que, se nada for feito agora, 78 milhões de pessoas passarão a viver com condição de fome crônica. Timothy Sulser, cientista sênior do IFPRI e principal autor do estudo, afirma que mais da metade dessas pessoas que deverão estar sujeitas a isso moram na África, ao sul do Saara e ao sul da Ásia, onde os cidadãos são mais vulneráveis se comparados a outras regiões do planeta.
Sulser ainda explica que, mesmo se não houvesse uma mudança climática significativa em curso, o alto crescimento populacional aliado ao aumento da desigualdade social e de renda já são suficientes para provocar uma epidemia de fome nesses e em outros locais do globo. “Serão necessários investimentos direcionados para reverter essas tendências. Nosso modelo mostra que maiores investimentos no setor agrícola podem mais do que compensar os efeitos das mudanças climáticas sobre o número de pessoas que passam fome no mundo”, disse.
Para chegar a esses resultados, o relatório do IFPRI comparou vários cenários, incluindo um futuro sem mudanças climáticas; trajetórias “favoráveis” em que o crescimento da população desacelera e a renda per capita aumenta; trajetórias demográficas menos otimistas e as mudanças mais severas no clima; entre outras possibilidades. Esses modelos diferem das estimativas anteriores porque usam dados mais atualizados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas e empregam métodos desenvolvidos recentemente para estimar os impactos defasados, ou de longo prazo, dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento agrícola sobre os rendimentos das safras.
Pesquisas agrícolas são a base, mas não a única solução
De acordo com os pesquisadores do estudo, o aumento de investimentos globais em pesquisa e desenvolvimento agrícola é considerado o meio mais eficaz em termos de custos para compensar o aumento da fome. No entanto, não se pode desprezar melhorias em eficiência hídrica ou infraestrutura rural, pois ambas também são essenciais para complementar e sustentar os estudos agrícolas. Um pacote abrangente, incluindo todos os três tipos de investimentos, já traria grandes benefícios, mas aumentaria os custos anuais entre US$ 21 bilhões e US$ 30 bilhões.
“Projeções como essas nunca são totalmente precisas, mas nos dão uma ideia dos custos, impactos e compensações que os formuladores de políticas devem considerar nos próximos anos para se adaptar às mudanças climáticas e prevenir a fome generalizada”, completou Sulser.
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