23 fatos sobre seus olhos (e o que pode dar errado com eles)
Oito coisas surpreendentes sobre seus olhos
1. Sobrancelhas: dentre várias funções, as sobrancelhas protegem os olhos do suor e da umidade, mandam informações sobre as condições locais para o sistema nervoso através dos folículos capilares, detectam a presença de micróbios perigosos, nos ajudam a transmitir emoções, e nos ajudam a identificar rostos.
2. Cílios: os cílios dos mamíferos têm sempre um terço do comprimento dos olhos. Por quê? Com base em experiências conduzidas dentro de túneis de vento, os pesquisadores concluíram que a aerodinâmica dos nossos cílios ajuda a minimizar o fluxo de ar que entra na superfície do olho, protegendo-o da poeira e evitando a evaporação da película lacrimal.
3. Pálpebras: cada pálpebra possui cerca de 60 glândulas meibomianas, a maioria delas localizada na pálpebra superior. A cada piscada, essas glândulas secretam gotículas de óleo, cuja função é cobrir a superfície do olho e protegê-lo da evaporação lacrimal.
4. Piscar: uma pessoa pisca em média 16.800 vezes por dia. Imagens recentes filmadas por câmeras de alta velocidade revelaram que um piscar de olhos dura pouco mais do que o que achávamos: piscadas espontâneas duram cerca de um terço de segundo, enquanto piscadas voluntárias duram meio segundo.
5. A córnea: a córnea é um dos únicos tecidos humanos sem vasos sanguíneos (que atrapalhariam a visão). No entanto, pesquisadores acreditam que a córnea contém a maior concentração de terminações nervosas do corpo humano, o que explica porque as lesões oculares podem ser tão dolorosas. Na realidade, uma lesão a uma única célula da superfície corneana pode ser o suficiente para causar dor.
6. Sensibilidade da córnea: os médicos usam uma ferramenta chamada estesiômetro para medir a sensibilidade da córnea – o primeiro protótipo, feito de pelo de cavalo, foi feito em 1894. Materiais de origem animal continuam a ajudar nossos olhos: as córneas dos tubarões são bastante parecidas com as nossas, o que levou cientistas a estudarem sua anatomia e fisiologia extensivamente. As córneas dos tubarões são resistentes ao inchaço, o que as mantêm transparentes mesmo sob condições adversas. Por causa disso, oftalmologistas já conseguiram transplantá-las com sucesso tanto em humanos quanto em cachorros.
7. Lágrimas: a composição química de nossas lágrimas muda dependendo do motivo do choro. O projeto , da fotógrafa Rose-Lynn Fisher, inclui fotos ampliadas de 100 lágrimas motivadas por uma série de causas, do sofrimento a cebolas. As lágrimas são secretadas pelas glândulas lacrimais, e se dividem em três grupos:
8. Células caliciformes: essas células, cuja forma lembra uma taça de champanhe, estão presentes na parte branca do olho e no revestimento da pálpebra, onde elas secretam o principal ingrediente do muco (nossos intestinos também possuem essas células). Esse muco grudento, por sua vez, age como uma base para as lágrimas, ajudando-as a grudar no olho e se espalhar uniformemente.
Onze doenças de arregalar os olhos
1. A paralisia de Bell é um tipo de paralisia facial causada por nervos danificados ou traumatizados, e que costuma afetar um dos lados do rosto. A doença foi descrita pela primeira vez por um médico escocês no século XIX. Ela paralisa as pálpebras, impossibilitando o ato de piscar, o que pode levar à secura dos olhos e até à cegueira.
2. A conjuntivocálase é uma doença ligada ao envelhecimento que faz com que a conjuntiva, o tecido que cobre a parte branca do olho, comece a se enroscar. “Sabe quando você veste uma meia-calça e ela se embola na altura dos tornozelos? É isso que a conjuntiva faz com a parte inferior do olho”, diz Anat Galor, oftalmologista que atende em Miami. Esse excesso de tecido pode bloquear os dutos lacrimais, o que pode aumentar o risco da incidência da síndrome do olho seco.
3. A ectasia corneana engloba um grupo de doenças oculares que geram consequências gravíssimas, incluindo as possíveis consequências de procedimentos como o LASIK (um tipo de cirurgia ocular à laser). O ceratocone, um tipo de ectasia, faz com que a rede de fibras de colágeno do olho comece a enfraquecer, forçando a córnea para frente e dando-lhe um formato de cone. Consequentemente, os pacientes podem sofrer de visão embaçada e fotofobia.
4. A síndrome do olho seco é um termo generalizante que descreve uma série de doenças que podem envolver a disrupção da superfície da córnea e do filme lacrimal. Os médicos ainda estão pesquisando as causas de um dos principais sintomas dessas doenças: a sensação de secura no olho. Esse é um sintoma comum no pós-operatório do LASIK.
A Tear Film & Ocular Surface Society afirma que a sensação de olhos secos pode ser um fator importante para aqueles que decidem parar de usar lentes de contatos, uma escolha feita por 17 a 71 milhões de pessoas todos os anos, de um total de 140 milhões usuários de lentes de contato.5. A síndrome da pálpebra flácida foi observada pela primeira vez em pacientes obesos, sendo muitas vezes associada à apneia obstrutiva do sono. A doença causa a frouxidão da pálpebra superior, que pode virar de dentro para fora, causando irritações crônicas e inflamações.
6. A ceratite, ou inflamação da córnea, pode ser causada por um trauma, pelo uso constante de lentes de contato ou por uma série de bactérias infecciosas, vírus, fungos, amebas e parasitas. Caso não tratada, a inflamação pode levar a úlceras corneais ou à cegueira.
7. A disfunção da glândula meibomiana, que muitos oftalmologistas acreditam ser a principal causa da síndrome do olho seco, ocorre quando uma glândula inflamada ou entupida para de produzir o óleo que lubrifica a superfície do filme lacrimal. Isso causa evaporação excessiva, que pode mandar sinais de dor para os nervos da córnea.
8. A neuropatia óptica, termo cunhado pelo oftalmologista Perry Rosenthal, refere-se à dor ocular causada por nervos lesionados localizados logo abaixo da superfície da córnea, e que podem desencadear um sinal de dor em resposta às possíveis ameaças ao filme lacrimal.
9. A neuropatia óptica isquêmica, termo também cunhado por Rosenthal, é causada por nervos cerebrais danificados que se conectam ao sistema nervoso trigeminal do rosto. Além de fortes dores oculares, os pacientes podem sofrer de fotofobia, dor maxilar, enxaquecas, e outros sintomas relacionados ao sistema nervoso da face.
10. A síndrome de Sjögren pode estar associada a doenças autoimunes como o lúpus e a artrite reumatoide. Um dos sintomas, a secura da boca e dos olhos, é causada pela baixa produção de saliva e lágrimas basais.
11. A síndrome de Stevens-Johnson é uma reação alérgica extrema e muitas vezes fatal causada por remédios ou infecções, causando feridas que podem cobrir a pele e as membranas mucosas da garganta, da cavidade nasal e até mesmo da córnea.
Quatro remédios para olhos secos
1. Unguento: uma recente descoberta receita de “unguento” registrada no Bald’s Leechbook, um manuscrito encadernado em couro encontrado na Biblioteca Britânica, não apenas cura terçóis, mas também é um remédio contra a superbactéria SARM (MRSA em inglês).
Cientistas “completamente chocados” testaram a receita como parte do , mas os químicos amadores podem ter um pouco de dificuldade em repetir a experiência em casa. Entre os ingredientes da receita, há duas espécies de Allium (o gênero que inclui o alho e o alho-poró), vinho e bile retirada do estômago de uma vaca — que devem então ser fervidos em uma panela de bronze, depois envelhecidos por nove dias, coados e aplicados no olho.
2. Desentupidores de glândulas: à primeira vista, alguns tratamentos para glândulas meibomianas entupidas parecem torturas medievais. Um paciente comparou um método relativamente grosseiro e doloroso ao processo de espremer as glândulas anais de um cachorro: esse método envolve o uso de uma pequena espátula de ferro cirúrgico chamada Mastrota, que é inserida entre o olho e a pálpebra para em seguida (antigamente, os médicos utilizavam o cotonete para executar essa manobra).
Em outro método, conhecido como sonda de Maskin, um médico insere, manualmente, , às vezes utilizando pequenas pinças com pequenos rolinhos na ponta para prender as pálpebras e espremer as glândulas. A TearScience, uma empresa farmacêutica dos EUA, desenvolveu um tratamento terapêutico inovador chamado LipiFlow. Nesse tratamento, o paciente usa um aparato semelhante a óculos que esquenta e massageia as pálpebras para remover a secreção. O cofundador da empresa e optometrista Donald Korb diz que o tratamento, que dura 12 minutos, aliviou a dor de vários pacientes; mas em alguns casos o tratamento, que custa US$ 1.500, tem que ser repetido a cada um ou dois anos.3. Lentes esclerais: criadas na Alemanha e na Suécia na década de 1880 e feitas originalmente de vidro, a função das lentes esclerais é cobrir a esclera (o tecido branco que protege as partes mais sensíveis da córnea). Os primeiros modelos abafavam os olhos e só podiam ser usados por curtos períodos. As versões mais sofisticadas, hoje feitas de acrílico respirável, agem como um reservatório em miniatura: elas regam os olhos com lágrimas artificiais ricas em oxigênio e evitam a evaporação.
A Lente Escleral de Boston (hoje conhecida como PROSE), criada pelo oftalmologista Perry Rosenthal, ajudou muitos pacientes que ficaram cegos devido a doenças na córnea a recuperarem suas visões. As lentes também ajudam a aliviar a dor crônica comum em muitos pacientes com sintomas de olho seco, incluindo alguns pacientes com complicações pós-LASIK e outros que perderam a habilidade de fechar as pálpebras completamente em decorrência de alguma cirurgia plástica.4. Óculos hidratantes: as primeiras instruções de montagem de óculos hidratantes datam de 1946, e estudos recentes indicam que esses óculos cobertos por uma película podem minimizar a irritação decorrente da exposição ao ar, evitando assim os sintomas do olho seco. Para reduzir o stress de córneas lesionadas, alguns médicos recomendam o uso desses óculos 24 horas por dia. Em resposta ao preço dos modelos mais modernos, alguns pacientes resolveram dar seu próprio jeitinho: no YouTube, é possível achar vários vídeos que ensinam a .
Sobre o autor: Bryn Nelson decidiu migrar da microbiologia para o jornalismo científico; seus textos apareceram no New York Times, Nature e Scientific American.
Esse artigo , e está sendo republicado aqui segundo a licença Creative Commons. Foto por /Flickr.
Tradução: Ananda Pieratti